Agência Sebrae de Notícias

O Sebrae Goiás realizou 1º Seminário de Turismo Religioso na segunda-feira (06), no qual foi apresentado o projeto “Caminhos Santos”. O evento ocorreu no auditório da sede da instituição, em Goiânia, com o intuito de desenvolver produtos turísticos perenes.

O diretor administrativo e financeiro do Sebrae Goiás, João Carlos Gouveia, ressaltou na abertura do encontro que o relevante é a reunião das autoridades com a participação da Goiás Turismo, Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Turismo, Arquidiocese de Goiânia e Diocese de Anápolis e das equipes técnicas, a fim de gerar negócios, mantendo foco na manifestação da fé. “A união é que gera negócios”, assinalou. Gouveia pontuou ainda que a reunião foi uma oportunidade para repassar a experiência de sucesso do estado da Bahia.

Dom João Justino, arcebispo de Goiânia, afirmou ser o encontro uma oportunidade importante para a evangelização e acolhimento ao turista que vem a Goiás. “Esse seminário é uma bênção, pensando no potencial que existe no nosso estado de acolher o turista. É uma oportunidade de evangelizar, enquanto o turista conhece nosso santuário, igrejas e caminhos, e pode, ainda, fazer contato com a experiência religiosa e alcançar o encontro com Jesus. É uma oportunidade de conciliar também o aspecto do empreendimento”, disse.

O presidente da Comissão de Turismo, deputado Coronel Adailton, assinalou a importância da integração entre os municípios, com fortalecimento e divulgação dos mesmos. “A Alego e a Comissão estão de portas abertas para ouvirmos e aprendermos cada vez mais”, afirmou. E ressaltou a oportunidade de que o turismo religioso em Goiás, seja cada vez mais fortalecido.

Fabrício Amaral, presidente da Goiás Turismo, salientou a importância do trabalho desenvolvido pelo Sebrae, no sentido de promover o turismo religioso em Goiás, além de assinalar os investimentos de Goiás para fortalecimento do setor. “Precisamos transformar esse movimento em produtos. Goiás pode se transformar em um case de sucesso. É nosso papel ter esse olhar sensível ao turismo religioso”, disse.

Reconhecimento dos produtos

A apresentação dos “Caminhos Santos – Turismo religioso e suas potencialidades – O olhar atento do Sebrae Goiás para a vocação religiosa do estado”, foi feita pela coordenadora estadual de Turismo do Sebrae, Priscila Vilarinho. Ela explicou que o turismo ensina o quanto a união é fundamental para que se possa seguir adiante. “É preciso esse preparo e acolhida. É uma trajetória árdua”, afirmou.

Priscila lembrou ainda que é uma jornada a ser trilhada. “Os resultados são de médio a longo prazo, porque vamos conseguir ter produtos perenes”, disse. Contudo, salientou que, com o decorrer do percurso de construção, ocorrerá um reconhecimento que se tornará natural. Ela pontuou também que o Sebrae tem trabalhado com ações inovadoras. “Todas as ações que temos feito, vêm com esse DNA de inovação, com resultados nos pequenos negócios e nos territórios”, afirmou.

Segundo a coordenadora, “estamos preparando esse ecossistema para entregar produtos de qualidade”. E complementou que o projeto irá alcançar toda a cadeia do setor, de forma a alcançar os pequenos negócios, impactados pelo turismo religioso. Na ocasião, Priscila também abordou as diversas rotas e destinos que Goiás possui, com experiência turísticas diferenciadas como a Chapada dos Veadeiros, Pireneus e o destino de Cristalina, além do turismo do agro.

Cybelle Bretas, consultora do Sebrae, atuou in loco, visitando os municípios para a elaboração do projeto e contextualizou a cronologia dos Caminhos Santos, iniciada em 2022, com foco no fortalecimento da governança e desenvolvimento de produtos. Ela explicou como as cidades foram mapeadas a partir dos produtos turísticos já desenvolvidos e aquelas que possuem potencial. “O artesanato sacro tem sido vivência rica para a Escola de Artesanato de Santa Maria, no distrito de Trindade”, assinalou, ao relembrar as vivências no percurso do projeto até os tempos atuais.

A consultora também abordou a importância de preparar o entorno dos santuários, com o objetivo de potencializar todo o trade envolvido, em especial os pequenos negócios da cadeia do turismo religioso, para receber os turistas nos Caminho Santos. “O empreendedor precisa ser sensibilizado”, ressaltou. A rota envolve os municípios: Abadia de Goiás, Anápolis, Anicuns, Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Campestre, Goiânia, Hidrolândia, Nerópolis, Nova Veneza, Senador Canedo e Trindade.

Inspiração baiana

Hirlene Pereira, coordenadora estadual de Turismo do Sebrae Bahia, compartilhou a experiência vivida naquele estado para implantação de projeto semelhante, no Roteiro Caridade e Fé, iniciado em 2017, e o percurso percorrido até o momento. “Salvador tem igrejas para serem visitadas o ano inteiro. Padre Manoel nos visitou, falou sobre a ideia de montar um projeto e perguntou como o Sebrae poderia ajudar”, relembrou.

“O turismo religioso tem uma motivação por crenças e práticas espirituais. Momento de reflexão profunda para seguir adiante. Tem que ser autêntica e verdadeira”, afirmou Hirlene. A coordenadora assinalou os desafios enfrentados, conhecimento da realidade das comunidades e paróquias, para desenvolver o trabalho, que também contou com capacitação dos guias de turismos e fortalecimento dos negócios. “Quando começamos pudemos ver a transformação que provocou no entorno e, inclusive, na comunidade eclesiástica”, assinalou.

Hirlene também pontuou como foi o trabalho para identificação e desenvolvimento de produtos, desde os que serão comercializados entre os visitantes e até os que serão absorvidos pela própria comunidade religiosa. Outro ponto fundamental é o trabalho realizado juntos aos outros empreendimentos, desde fornecedores até aqueles que estão na ponta, lidando diretamente no atendimento aos turistas, o que é importante para geração de renda para a comunidade.

Por sua vez, Padre Manoel Filho, também da Bahia, coordenador nacional da Pastoral do Turismo (Pastur), compartilhou a experiência em Salvador. “A nossa relação começou em 2017, três anos após a implantação da Pastoral do Turismo, na nossa arquidiocese”, explicou. Ele contou como foi a construção do projeto. “A gente queria que o turista fosse a Salvador para rezar”, disse. O trabalho proposto pelo religioso também tinha como foco a articulação e envolvimento da comunidade local.

O ponto de partida foi na Favela de Alagados, marcada pela visita de três ilustres figuras santificadas. “A Terra Santa, onde três santos pisaram, para oferecer à comunidade geração de emprego e renda. E nasce da vontade de Deus, que tomou a iniciativa e disse: É aqui”, relembrou.

O religioso também contou sobre as ações de formação, espiritualidade e celebração, oferecidos à comunidade. Além da capacitação promovida para guias de turismo, por meio de parceria com a sociedade civil, com Sindicato dos Guias de Turismo do Estado da Bahia (Singtur), e a elaboração de planos de ação, por meio do Sebrae Bahia. “O desenvolvimento de produtos saiu da parceria muito importante com o Sebrae, a exemplo das geleias produzidas pelas irmãs beneditinas”, pontuou.

Por fim, o padre ressaltou a importância da parceria com poder público, instituições de ensino e empresas de turismo. “Com ajuda do Sebrae, conseguimos criar o Café Franciscano, com visita a convento. É uma experiência para o turista e fonte de renda para o convento”, exemplificou.

Blenda Domingues Bittencourt, pesquisadora do Observatório do Turismo de Goiás, apresentou dados em Goiás, no Brasil e no mundo, do turismo religioso. Ao abordar a história do turismo de Goiás, explicou que desde o início do povoamento do estado, já teve início o desenvolvimento da vocação voltada ao turismo religioso. “Todos os municípios voltavam com algo religioso”, acentuou.

A pesquisadora assinalou ainda o fluxo do turismo religioso em outros países, outros estados e cidades goianas, que recebem visitantes anualmente. O Cadastur também aponta o número de empregos e arrecadação gerados pelo turismo. Ainda segundo os dados do Observatório, é gerado o índice de satisfação de qualidade do local. “É um parâmetro que utilizamos”, explicou Blenda. Além disso, a pesquisadora assinalou as festividades religiosas realizadas nos municípios goianos.

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

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