Nos primeiros dois meses do ano, só em Goiânia, mais de 50 novas obras de construção civil foram lançadas, com oferta de empregos para 10 mil trabalhadores. Mas o setor que é um dos mais importantes para a economia e gera emprego e renda apresenta uma escassez de mão de obra, apesar de altas taxas de desemprego no país.
Diante desse cenário, o Observatório Sebrae Goiás, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e o Observatório Fieg Iris Rezende, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, lançaram nesta quarta-feira (1º), o “Estudo Escassez de Mão de Obra na Construção em Goiás”. O evento oficial foi na sede do Observatório da Fieg.
O objetivo é entender como um estado que sempre foi forte e considerado um canteiro de obras possui déficit de trabalhadores para a indústria da construção civil. O estudo mostra, por exemplo, que nos últimos dez anos o número de empresas atuantes no setor diminuiu 1%, enquanto o número de estoque de empregados a queda foi de 15%.
O diretor superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, disse que essa é uma oportunidade para uma soma de esforços para a qualificação desse público. Tanto o Sebrae, com a melhoria da gestão das MEI e o Senai e o IEL com cursos relacionados à indústria da construção. “Esse estudo nos conduz a iniciativas e decisões assertivas para que essa realidade seja transformada. Temos certeza de que podemos atuar ainda mais pela qualificação dos pequenos negócios na construção civil”, ressaltou. O diretor administrativo e financeiro do Sebrae Goiás, João Carlos Gouveia, também esteve presente.
Durante a apresentação do estudo, o presidente da Fieg, Sandro Mabel, anunciou que todas as unidades do Senai em Goiás vão investir na inovação e automação da indústria da construção civil para que o estado desponte como um dos mais promissores e produtivos do país. A ideia, segundo ele, é desenvolver equipamentos, máquinas e processos que facilitem e agilizem as construções. “Dessa forma os trabalhadores passarão a ser operadores capacitados e deixarão de fazer a parte mais pesada do serviço. Com qualificação e produtividade ganham trabalhadores e empresas”, disse.
Apagões e gargalos
Para o gerente da Unidade de Gestão estratégica do Sebrae Goiás, Francisco Lima, esse estudo é importante porque traz luz para os apagões e gargalos no setor. “Com essas informações é possível analisar e trabalhar ações para correção e mitigação do problema e pela busca de um equilíbrio nessa equação de oferta de trabalho e déficit de trabalhadores”, afirmou.
Os dados mostram alguns potenciais geradores de escassez de mão de obra na construção civil. Os trabalhadores que se registraram como microempresários individuais com CNAEs que atendem diretamente o setor foi um desses fatores. Em Goiás existem 8,9 mil MEIs, e o crescimento médio anual foi de 32% nos últimos dez anos.
Outro fator foi a migração para a informalidade por opção ou enquanto os trabalhadores aguardam uma recolocação. Segundo os trabalhadores formais e informais ouvidos no estudo, os baixos salários na construção civil desmotivam, falta mecanização nas obras, o trabalho é pesado nos canteiros e as contratações exigem experiência com a comprovação por certificados, ou seja, falta qualificação.
A gerente de Desenvolvimento Empresarial do IEL e do Observatório da Fieg, Sandra Márcia Silva, apontou também que os trabalhadores relataram discriminação. “Para eles falta reconhecimento da sociedade e falta terem a sensação de pertencimento, fazer parte do desenvolvimento do estado”, explicou.
Mas a pesquisa também mostra resultados positivos. Por exemplo, 73% dos trabalhadores ouvidos têm interesse na qualificação profissional e 89% se sentem satisfeitos ou muito satisfeitos com a profissão.
Fontes oficiais
Os dados foram coletados em fontes oficiais, como IBGE, Rais, Caged, Receita Federal e também em pesquisas qualitativas e quantitativas. Foram entrevistados empresários, profissionais do setor e pessoas que estão em busca de recolocação no mercado.
“As pesquisas com grupos com três perfis: representantes dos diversos elos da cadeia da construção, como presidentes de sindicatos, empresários, gerentes de RH; trabalhadores formais; e trabalhadores informais”, explicou Polyanna Marques, analista do Sebrae Goiás.
As pesquisas foram realizadas em Anápolis, Aparecida de Goiânia, Goiânia e Senador Canedo, e o período foi de agosto a setembro de 2022.
Alguns números do estudo
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Dados da Rais/MTE (2021) e da Receita Federal (2022) mostram que o setor conta com 6,8 mil empresas, com 69,5 mil empregados e 4,8 mil obras ativas
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75% dos trabalhadores informais por opção afirmam que preferem permanecer na informalidade principalmente pela obtenção de renda maior. A maioria afirmou que voltaria ao emprego regular se a empresa lhes oferecesse melhores oportunidades e benefícios, tais como: melhores salários, plano de saúde e melhor pagamento de horas extras
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Para 33% dos trabalhadores informais que estão em busca de empregos com carteira assinada, o principal motivo para não aceitarem uma vaga disponível é o salário insatisfatório oferecidos pelas empresas
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56% dos trabalhadores não incentivam seus filhos a trabalharem na construção
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54% entre os trabalhadores formais afirmaram não ter realizado nenhum curso profissionalizante
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20% entre os trabalhadores informais que buscam uma recolocação no mercado afirmaram que não conseguem uma vaga por falta de experiência e o mesmo percentual afirma que lhes falta qualificação
Perfil dos Trabalhadores Formais (Rais, 2021)
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GÊNERO: 90% homens; 10% mulheres. Em 2011 eram: 92% homens e 8% mulheres
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FAIXA ETÁRIA: 54% possuem entre 30 e 49 anos
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ESCOLARIDADE: 62% possuem ensino médio incompleto ou completo. Em 2011, 58% possuíam ensino fundamental incompleto ou completo
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FAIXA SALARIAL: 77% recebem até 2 salários mínimos
Informações para a imprensa
Na sede do Sebrae: Adriana Lima – (62) 3250-2263 / 99456-2491
Na Regional Central | Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Adrianne Vitoreli – (62) 98144-2178
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