Natural de Aparecida – SP, José Wilson Borges, 41, cultivava desde criança o sonho de ter o próprio negócio. Ele, que passou grande parte de sua infância no Rio de Janeiro, tem quatro irmãos e se lembra com afeto dos aniversários em que seu pai deixava que escolhesse se queria ganhar presente ou comer no McDonald’s – ele sempre optava pelo sanduíche.
Por muitos anos, essa memória afetiva ficou no inconsciente de José. Na medida em que foi crescendo, ele passou a se identificar com a ideia de ter um negócio ligado à área da alimentação – contudo, não foi ali que deu seus primeiros passos no mundo do empreendedorismo. A família se mudou para Goiânia em 2000, e seria no Centro-Oeste que, anos mais tarde, surgiria o tioBák.
A história da empresa se mescla com a história de resiliência e reinvenção do empresário. “Eu tinha acabado de falir uma empresa de telefonia que eu tinha, era um momento bem difícil da minha vida”, relembra José. “Me lembro de não ter dinheiro pra comprar leito pro meu filho. Não podia continuar daquele jeito, naquela tristeza de ter quebrado, precisava urgentemente voltar pro mercado de trabalho.”
Foi buscando essa alternativa de reinserção no mercado que começou a surgir o tioBák, em fevereiro de 2009. Com uma geladeira usada doada pelos pais, que estavam voltando para o Rio, um micro-ondas e um telefone que tinha recebido como forma de pagamento de uma dívida e uma chapa comprada num pregão, José começou. Fez alguns ímãs de geladeira e distribuiu, alugou uma sala no Parque Amazônia e começou a fazer sanduíches. Como não tinha dinheiro para comprar cadeiras e mesas, começou fazendo apenas para delivery – tudo sozinho.
Já naquela época, José apostou em fazer sanduíches diferentes do tradicionais pit dogs goianos, optando por lanches mais elaborados mas ainda assim acessíveis. “Meu produto já era muito diferenciado quando começamos, mas ainda não existia muito mercado para esse tipo de hambúrguer mais trabalhado, o que hoje o pessoal chama de gourmet”, explica. “Existe em Goiânia muito a cultura do X-Tudo, à qual o goiano é muito apegado, então era difícil explicar pras pessoas até o que eu fazia”.
A ideia era buscar um produto mais próximo do sanduíche de rede, só que de mais qualidade e com ingredientes mais frescos. Sua grande inquietação era ligada à matéria prima: por que a indústria tinha que enganar o consumidor pra vender bem? Visando encontrar um compromisso entre essas duas coisas, ele elaborou um cardápio inovador e o mais acessível possível – e foi assim que nasceu o tioBák. O modelo, contudo, preocupou: o empresário encontrou muita resistência e desconfiança, mesmo de pessoas próximas, que tinham dificuldade em compreender o modelo visionário elaborado por ele.
Um de seus irmãos, contudo, acreditou na proposta desde o início. Com sua chegada como sócio da empresa, e com os resultados da aceitação do produto, o negócio começou a crescer. Primeiro vieram as mesas e cadeiras no Parque Amazonas, depois outras lojas e, posteriormente, a marca virou franquia. Hoje, o tioBák faz parte de um grupo que abrange também outras marcas: tioBák, Basili Pizzaria e Underdog – e conta com 16 lojas distribuídas pelo estado.
O modelo funcionou também em termos culturais: a combinação de um cardápio de qualidade, diferente e num preço justo com um modelo de negócios bem estruturado fez com que o tioBák rompesse barreiras e criasse um espaço novo dentro do hábito de consumo do goiano. Seja presencialmente ou por entrega, carros-chefe da casa como o Bák Elefante ou os famosos Franguitos já são tão reconhecidos quanto a própria marca. “Eu não gosto do termo gourmet, porque as pessoas gourmetizaram o que é ruim”, pontua o empresário. “Meu objetivo sempre foi fazer um produto de qualidade, proporcionar uma experiência prazerosa e com produtos frescos. Felizmente, conseguimos ganhar nosso espaço nesse segmento aqui em Goiás”.
O empresário conta também que teve o apoio do Sebrae ao longo dos anos, em diferentes momentos. “Tivemos suporte do Sebraetec, do ALI, mediação no processo de transformação em franquia”, explica ele, que também compartilhou suas experiências no 1° Encontro de ALIs promovido na última sexta (15). “O Sebrae foi um grande parceiro de crescimento no meu negócio”.
Além do inegável case de sucesso, José Wilson conta que a parte mais gratificante do processo é ver que as pessoas hoje reconhecem e apreciam a marca e, com isso, ter a oportunidade de gerar emprego. “É muito bom ver que fazemos a diferença na sociedade e na vida das pessoas, e saber que vamos deixar um legado”, finaliza.
-
-
SERVIÇO
tioBák
Instagram: https://www.instagram.com/tiobak/