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Crédito essencial

Artigo do diretor Administrativo e de Finanças do Sebrae Goiás, João Carlos Gouveia, no jornal O Popular
Por João Carlos Gouveia, diretor Sebrae/GO
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O acesso ao crédito ainda é um dos maiores entraves para o desenvolvimento dos pequenos negócios. Mesmo com demanda crescente, boa gestão e potencial de expansão, muitos empreendedores esbarram na falta de garantias reais, no excesso de burocracia e na dificuldade de diálogo com as instituições financeiras.

Sem crédito, o negócio deixa de contratar, investir e inovar — e, em muitos casos, sequer consegue sair da informalidade. É um ciclo que se retroalimenta: quem mais precisa de apoio costuma ser quem tem mais dificuldade de acesso a ele. É preciso repensar essa lógica quando o assunto são os pequenos.

O sistema de crédito no Brasil foi historicamente moldado para grandes operações. As exigências de garantias reais, a análise de risco padronizada e os entraves ao microcrédito revelam uma estrutura que precisa ser repensada para tratar os pequenos como prioridade. A agenda do desenvolvimento exige isso: ampliar a base, descentralizar recursos e reconhecer os pequenos negócios como protagonistas da economia.

Mais do que uma demanda do mercado, o acesso ao crédito é uma pauta de política pública; não apenas como operação financeira, mas como vetor de inclusão produtiva e combate à desigualdade. É fundamental conectar instituições a soluções que considerem as particularidades dos micro e pequenos empreendedores.

A criação de fundos garantidores, parcerias com agentes de fomento e programas de orientação financeira têm contribuído para ampliar o alcance e a efetividade das políticas de crédito. Nesse sentido, estamos avançando no caminho para que o crédito seja, de fato, um instrumento democrático de desenvolvimento.

Uma das ferramentas mais eficazes voltadas a esse objetivo é o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), criado pelo Sebrae e operacionalizado com diversos parceiros do sistema financeiro, que dá garantia de até 80% nas operações de crédito aos pequenos empreendedores. E recentemente a instituição anunciou uma alteração nas regras, válida pelos próximos dois anos, que define que pequenas empresas que têm mulheres como sócias majoritárias ou como representantes legais podem contar com 100% de garantia nas operações. O fundo elimina uma das barreiras mais frequentes para quem está à frente de um negócio, mas não possui bens em nome próprio para oferecer como garantia.

Outra frente importante tem sido a aproximação direta entre empreendedores e instituições financeiras, por meio de mutirões, atendimentos especializados e espaços de negociação. Ao promover encontros e facilitar o diálogo, o Sebrae reforça o papel de ponte entre quem precisa e quem pode financiar. A mobilização contínua é a chave para destravar recursos, derrubar barreiras históricas e construir relações de confiança.

Com essas e outras ações de instituições, empresas e poder público é que conseguiremos ampliar o acesso ao crédito e promover o crescimento dos pequenos negócios. Pois não se trata apenas de liberar dinheiro, mas de reconhecer o protagonismo de quem empreende, construir confiança, derrubar barreiras e ativar a economia real.

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