Produtores de açafrão de quatro municípios da Região Norte de Goiás, Mara Rosa, Amaralina, Estrela do Norte e Formoso participaram na terça-feira (28) do 1º Workshop Sobre o Selo de Indicação Geográfica do Açafrão de Mara Rosa e Região. O evento aconteceu no salão do Sindicato Rural de Mara Rosa, parceiro do Sebrae Goiás na realização, juntamente com as prefeituras dos municípios envolvidos, Emater e Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa e Região (Cooperaçafrão).
Os produtores de açafrão assistiram a diversas palestras que abordaram temas que foram desde a importância do Selo de Indicação Geográfica ao manejo correto para o cultivo da planta, e ainda técnicas para comercialização do produto.
“O registro de Indicação Geográfica aconteceu em 2016 e é um desafio muito grande reunir toda documentação para conseguir submeter ao processo de validação do Inpi, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A Indicação Geográfica é uma ferramenta de proteção coletiva, e depois que ela é conquistada é preciso saber utilizá-la para ter os resultados esperados”, explicou o analista do Sebrae João Luiz Prestes Rabelo, que foi o primeiro palestrante do evento.
João Luiz esclareceu que nesta etapa entra o trabalho de gestão, e é preciso ter à disposição ferramentas de marketing, assessoria jurídica, trabalhar a comercialização e as boas práticas de produção para manter a qualidade do produto e assim garantir o valor agregado, lembrando que para tudo isso é indispensável ter uma governança forte e organizada. “A Indicação Geográfica tem toda uma manutenção e uma sustentabilidade, e se a entidade não der sequência depois do registro pode acontecer de ela perder condição de utilizar o selo, que só é valioso se for gerido da forma adequada”, completou.
Pioneira na IG
A região do município de Mara Rosa foi a primeira do estado a Indicação Geográfica, selo conferido a um determinado produto ou serviço característico do seu lugar de origem. A expectativa dos produtores é que, a partir de agora, em razão deste reconhecimento e tendo uma identidade própria, o açafrão de Mara Rosa e região possa se tornar mais valorizado e competitivo no mercado.
A conquista ocorreu há sete anos. Porém, de acordo com o presidente da Cooperaçafão, Emival Rodrigues dos Santos, somente agora o produto está sendo colocado no mercado com o selo de procedência. “Ele foi lançado neste ano, e o produto nesta nova realidade ainda não foi colocado ainda no mercado, mas acredito que o projeto da cooperativa, contando com essa parceria importante do Sebrae, agora vai dar certo”, afirmou.
Ele disse que não existe um levantamento pontual da quantidade de agricultores que cultivam o açafrão na região. Já os produtores cooperados que constam na lista da Cooperaçafrão são cerca de 80, e destes apenas 15 se encontram ativos. No total, o açafrão produzido na região por ano varia entorno de 1 milhão de toneladas, já considerando os rizomas depois do processo de secagem. Desta quantidade, aproximadamente 230 toneladas, segundo Emivaldo, são produzidas na cooperativa.
Melhorias na estrutura
O produtor Sebastião Rossi Neto, ex-funcionário da Embrapa-DF, cultiva açafrão na região de Mara Rosa desde 1986. Atualmente planta uma área de 25 hectares, e sua produção anual gira entorno de 200 toneladas. Ele é um dos produtores que não fazem parte da Cooperaçafrão. “Eu vim para trabalhar de técnico agrícola para uma empresa na produção de açafrão. Trabalhei nela dois anos e, ao perceber que o açafrão era um grande negócio, saí para investir por conta própria no cultivo do tempero”, explicou.
Porém, ele se queixa de algumas dificuldades que muitas vezes prejudicam nos processos que envolvem o manejo da cultura. “Falta principalmente mão de obra, tendo em vista que tudo é feito manualmente, e sempre temos que buscar trabalhadores de outras regiões para fazer o serviço, especialmente no período de colheita”, disse.
Como não é cooperado, o agricultor não tem autorização para vender o produto usando o reconhecimento de Indicação Geográfica. Para isso, toda produção dele teria que ser processada na usina da Cooperaçafrão. Sebastião Neto explicou que a cooperativa não consegue atender à demanda de todos os produtores da região. “Até dos próprios cooperados eles não conseguem processar tudo, e se eu entrar lá eles também não vão conseguir beneficiar a minha produção. Como eu já tenho uma usina para fazer esse beneficiamento, eu mesmo realizo o processamento. No entanto eu tenho interesse de também poder usufruir das vantagens garantidas pelo Selo de Indicação Geográfica”, manifestou.
O presidente da Cooperaçafrão confirmou que a cooperativa tem limitações e disse que está fazendo parceria com o poder público municipal a fim de solucionar o problema da falta de estrutura. “A área que nós temos é pequena e tem muitos produtores grandes. Temos um projeto de uma área maior e já encaminhamos a documentação à Prefeitura de Mara Rosa que nos garantiu dar todo apoio necessário neste empreendimento que deverá demandar investimento de aproximadamente R$ 300 mil”, avaliou.
A produtora Magna de Fátima Leles Vieira Pimentel começou a cultivar o açafrão no município de Formoso há dois anos, atividade que ela aprendeu com a mãe que produzia artesanalmente. No ano passado, Magna, que é cooperada da Cooperaçafrão e foi também palestrante no evento, colheu 15 toneladas na área de um hectare onde ela faz o plantio, na Fazenda Rosa Buriti. “Como tem essa possibilidade de agregar valor e produzir em maior escala, eu decidi investir no plantio do açafrão. Começamos devagarinho, mas já podemos perceber que a produtividade aumentou devido à assistência técnica que estamos recebendo. Agora estamos iniciando o processo de venda, e o Sebrae está nos ajudando nesta fase igualmente importante, pois sabemos que o consumidor é exigente e faz questão de ter na mesa um produto diferenciado e produzido dentro das normas ambientais”, destacou.
Suporte e consultoria
A gerente regional do Sebrae, Rubya Karla destacou o papel do Sebrae neste processo enquanto ferramenta facilitadora do desenvolvimento. “A gente entra na condição de um órgão que auxilia na gestão tanto da cooperativa quanto do Selo da IG, e ainda auxiliamos o produtor na gestão do seu negócio. Hoje o Sebrae ajuda toda a cadeia produtiva do açafrão, trabalho que é feito junto às prefeituras dos municípios envolvidos. Temos apoio da Emater e do Senar, e nosso foco principal é o pequeno produtor rural. Nosso apoio compreende cotação, preço e mercado. O Sebrae tem programas de consultorias de inovação que podem auxiliar a inserir esse produto nas plataformas digitais, e nossa intenção é realizar ainda neste ano uma rodada de negócios do açafrão”, pontuou.
A primeira-dama de Mara Rosa, Moizélia de Castro Ferraz, destacou a força do marketing digital. “É uma das áreas mais utilizadas nas empresas, e não há condição de uma pessoa que está do outro lado conhecer o nosso produto a não ser através dessa ferramenta maravilhosa que é a rede digital. Eu sou uma das maiores apoiadoras, é importante o produtor de açafrão usar essa ferramenta para divulgação dos seus produtos. O açafrão vive um grande momento, somos reconhecidos como os maiores produtores, e acredito que este selo irá abrir portas e atestar a qualidade do nosso produto”, considerou.
O prefeito de Amaralina, Dásio Marques, também vê o reconhecimento do açafrão como uma ferramenta que vai agregar valor ao produto. “A Indicação Geográfica melhora e fortalece esse produto como genuinamente nosso, e isso é de suma importância para nossa economia. O açafrão é uma fonte de riqueza para o município de Amaralina, pois temos uma produção considerável, tendo em vista que muitos proprietários de áreas rurais trabalham com essa cultura, gerando desenvolvimento, renda e emprego para nossa cidade”, destacou.
Informações para a imprensa
Na sede do Sebrae: Adriana Lima – (62) 3250-2263 / 99456-2491
Na Regional Norte | Porangatu: Agência Entremeios Comunicação / Pedro Gomes – (62) 98527-0246
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