A energia solar no Brasil passa por transformações na regulamentação, mas é atualmente a tecnologia de geração de energia mais competitiva do ponto de vista econômico e sustentável. Mesmo com a retirada de alguns subsídios que impulsionavam essa matriz, pelo governo, é um mercado que cresce não só pela conscientização ambiental, mas principalmente pela independência energética que promete reduzir custos tanto para consumidores residenciais, quanto para indústrias. Em 2024, foram gerados 15 gigawatts com um crescimento de 5% a 6% em relação ao ano anterior.

É um mercado que está bem avançado em alguns países e a tendência é que o Brasil tenha uma participação cada vez maior em energia solar a cada ano. “A capacitação dos empreendedores para gerir negócios nesse segmento será necessária para mitigar os riscos de todos que trabalham com a energia solar”, explica Bruno Kikumoto, CEO do Canal Solar, que participou nesta terça-feira (25) do “Solar Talk, Mercado, Tecnologia e Regulação”, realizado pelo Sebrae Goiás, por meio do programa Sebrae Energia, no auditório da sede em Goiânia.

O evento reuniu quase 100 empreendedores e profissionais da área. A abertura do talk foi feita pelo diretor Técnico do Sebrae Goiás, Marcelo Lessa, que reforçou a importância dessa temática que para a instituição é estratégica. “Desde o ano passado, nós temos intensificado nossas ações com programas de eficiência energética. Nesse ano, nós teremos a COP 30 e o Sebrae Nacional tem trabalhado com todos os estados a energia fotovoltaica e o incentivo a outras formas de energias renováveis também”, explicou o diretor. Ele enfatizou ainda que, na COP 30, uma das principais pautas será o potencial de energia limpa e de que forma o mercado pode atuar e obter investimentos.

O deputado estadual Lineu Olímpio de Souza, presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), também participou da solenidade de abertura do evento. De acordo com ele, quando muitos se reúnem em prol de um objetivo, todos ficam mais fortes e com mais oportunidades de serem ouvidos. “Nós tivemos duas ações que foram um ganho importante. A manifestação técnica do Corpo de Bombeiros em relação à norma técnica 44 e a decisão da Justiça do estado, que suspendeu a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a geração da energia solar e vamos avançar ainda mais com a parceria do Sebrae, uma instituição séria e que possui ações de políticas públicas”, afirmou o deputado.

Quem também participou do evento foi o Capitão Araújo, do Corpo de Bombeiros do Estado. Durante a sua fala, Araújo explicou que em 2023 a corporação aprovou a norma técnica que trata sobre o sistema fotovoltaico. O documento entrou em vigor em 14 de novembro de 2023. “Desde então, a gente vem difundindo essas obrigações que a norma impõe, mas recentemente ela teve duas pequenas mudanças e o intuito da palestra é passar essa norma técnica 44, já com essas alterações que contentam a usina solar de chão, as usinas grandes geradoras e um prazo maior para adequação do sistema de acordo com o documento”, explicou. O prazo para adequação, que antes era de um ano, agora foi estendido para três anos, ou seja, até novembro de 2026.
Pequenos negócios e a energia solar – Para Bruno Kikumoto, CEO do Canal Solar, que é o maior veículo sobre energia elétrica no país e na América Latina e o segundo maior do mundo, o mercado de energia solar é muito democrático e abriga desde Microempreendedores Individuais (MEI), micro e pequenos empresários e empresas de médio porte, que faturam mais de R$ 5 milhões ao ano, as empresas de grande porte e fundos de investimento que investem bilhões de reais em projetos. “Pelo fato de a energia elétrica ser algo que é consumido por todo e qualquer cidadão, independente do porte dele, e de ter essa possibilidade de a geração distribuída solar ser muito atrativa, a gente encontra investidores dos mais diversos portes”, analisa.
Além da capacitação e atualização de toda equipe, Bruno ressalta que para que as pequenas empresas possam ter sucesso no mercado, é necessário que façam um bom plano de negócios (e o Sebrae possui esse serviço), crie uma planilha, principalmente no início, porque será necessário fazer investimentos. “O mercado de energia solar no começo, comparado com outros negócios, exige uma quantidade de capital de entrada relativamente pequeno, mas que não pode ser negligenciado. É preciso ter resiliência, porque no começo a empresa ainda não tem uma carteira de clientes e a força de vendas é menor. Então tem que colocar muito esforço na parte comercial e trabalhar também a parte técnica, porque no final do dia, os resultados precisam ser bons e isso é possível com bons técnicos”, enfatiza o CEO do Canal Solar.

Outro alerta, de acordo com ele, é em relação à gestão financeira. “É preciso tomar cuidado porque o nosso mercado é um pouco ‘traiçoeiro’. Com a presença dos grandes bancos, muitas vezes os recursos são liberados para as empresas de instalação de energia solar antes do projeto ficar de pé. Com isso se tem a falsa impressão de que o dinheiro está entrando, só que ele sai para pagar fornecedor, prestadores de serviços externos, pagar imposto, e se você não tomar cuidado, no final do dia não sobra dinheiro. O empreendedor começa a colocar dinheiro do bolso para tocar a operação. Aquilo que era para gerar renda, realizar os sonhos pode trazer prejuízo e vários pesadelos”, analisa.
Para os pequenos negócios que desejam ser consumidores dessa matriz energética, Bruno salienta que o investimento na energia solar tem um retorno muito atrativo, muitas vezes mais do que em ações. Às vezes, segundo ele, é possível até fazer investimentos na capacidade produtiva da empresa. “Ao instalar energia solar em uma pequena empresa tem uma redução de custos com a energia elétrica, traz um fôlego para ele investir depois em outras coisas como aumentar a linha de produção, contratar mais gente”, exemplifica.
O retorno de investimento atualmente é da ordem de dois a três anos. Durante esse período, o investimento pode ser equiparado ao valor da conta de energia e o empreendedor pode ter uma previsibilidade de gasto. Ao fim desse período, o empresário terá uma redução de custos de cerca de 90%, conforme explica Bruno. “Isso permite que esses empresários pensem, em médio a longo prazo, o que eles podem fazer com esse recurso advindo da redução do valor da energia. Além disso, o investimento em energia solar pode se tornar um diferencial competitivo para a empresa que pode fazer outros investimentos, expansões. O empreendedor entende a vantagem de ter optado pela energia solar há três, quatro anos”, diz.

Frente Goiana de Geração Distribuída – Para João Felipe Prado, presidente da Frente Goiana de Geração Distribuída (FGOGD), é importante trabalhar pelo desenvolvimento do mercado de energia solar. O Solar Talk, segundo ele, conseguiu reunir não concorrentes, mas parceiros de negócios que possuem um propósito em comum com a FGOGD, que é fomentar, desenvolver e fortalecer o mercado de geração distribuída. Além de parabenizar o Sebrae pelas ações desenvolvidas, como workshops e programas de eficiência energética, o presidente ressaltou o quão valoroso é para toda a cadeia de mercado a aproximação de todos que fazem parte, para uma busca por um mercado mais justo.
A FGOGD, segundo João Felipe, tem como propósito a promoção do desenvolvimento sustentável da geração distribuída em Goiás, ao atuar em cooperação para disseminar, incentivar e expandir a matriz de energia limpa e funciona no mercado mais justo e competitivo para todos os agentes. “Nós temos como objetivo trabalhar ativamente no âmbito de política e regulação, que impacta diretamente nosso setor e é um dos desafios. Trabalhamos para a construção de um ambiente regulatório favorável, acompanhando de perto as normativas da Aneel, de outros órgãos e políticas públicas estaduais”, frisou.
Outra questão em que a frente trabalha, citada pelo presidente da entidade, é a parte de conscientização, educação e capacitação. Segundo ele, campanhas e eventos educativos sobre os benefícios da geração distribuída são importantes para o entendimento e esclarecimento da população e das empresas e clientes potenciais em relação à transição energética.

Solar Talk Sebrae – O evento é uma das ações do programa Sebrae Energia, que tem como missão apoiar pequenos negócios, provedores e consumidores de energia, com informações e soluções que promovam a eficiência energética e a sustentabilidade. O gestor do projeto, o analista do Sebrae Jefferson Paes, explica que o programa possui duas abordagens: Energia para todos (fomentar a transição energética dos pequenos negócios – gestão de custo, consumo, geração e emissões) e Oportunidade para muitos (qualificar a oferta de produtos e serviço de pequenos negócios que contribuem para a transição energética).
“O Sebrae Goiás tem ações tanto para quem consome energia quanto para quem utiliza a energia como modelo de negócio. O Solar Talk é apenas uma das ações para provedores de energia e que objetiva trazer conhecimento, promover conexões entre os parceiros e facilitar insights com a troca de informações e networking”, afirma o gestor. Para as empresas que trabalharem com energia distribuída, a instituição possui o Solar Estratégico, que oferece treinamentos como webinars gratuitos mensais. Precificação e Vendas e Pós Venda e Fidelização de Clientes foram realizados nos meses de fevereiro e março, respectivamente.
Para os próximos meses, estão previstos os temas Estudo e Análise de Mercado, Planejamento Estratégico, Gestão Financeira, Aspectos Contábeis e Tributários, Gestão de Pessoas e Equipes, Marketing Digital, Inteligência Artificial na Gestão dos Negócios, Tendências e Inovações. No último dia 24, foi realizado o treinamento com tema “Armazenamento de Energia: Domine o Futuro da Energia Solar”, com o especialista Isaque Guanabara.
De acordo com Jefferson, o Sebrae também oferece a Trilha Solar, que é uma consultoria personalizada de 60 horas, direcionadas para empresas de energia. As primeiras 15 horas são destinadas ao diagnóstico da empresa, gestão estratégica e planejamento empresarial. As outras 45 horas são distribuídas conforme a necessidade das empresas, com temas como gestão financeira, legislação e transformação digital. “As próximas ações serão Workshop em Geração Distribuída, Encontro de Negócios, Panorama sobre Energias Renováveis em Goiás e Missão InterSolar 2025.
“Nós acreditamos que os encontros presenciais podem ser ainda mais ricos, porque os empreendedores têm a oportunidade de conhecer outros profissionais do mesmo segmento. Isso propicia não só a troca de experiências que pode criar parcerias, mas conhecimento sobre o mercado goiano e, com isso, o fortalecimento do setor”, frisa o gestor do Programa Sebrae Energia.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106
Na Regional Central | Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Adrianne Vitoreli – (62) 98144-2178
Acesse aqui a Vitrine do Sebrae Goiás.
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