Jardim sensorial levou educação empreendedora a estudantes em Trindade

Professora e alunos colocam na prática projeto dentro do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos do Sebrae (JEPP) e criaram produto exclusivo

Por Adrianne Vitoreli, de Goiânia

A professora Tatyana Sousa Rodrigues com sua turma tomando cuidados no processo de envasamento do produto (Fotos Arquivo Pessoal/Divulgação)

A criação de um jardim sensorial foi uma ferramenta na educação empreendedora de 25 alunos do 1º ano da Escola Maria da Conceição Pereira, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. Em conjunto com a professora Tatyana Sousa Rodrigues, o grupo desenvolveu durante o ano passado o projeto, que fez parte do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos do Sebrae (JEPP), integrante do Programa Nacional de Educação Empreendedora. “O resultado não poderia ser melhor”, afirma a professora.

A turma montou uma empresa fictícia, escolheu, produziu e vendeu, durante a Feira de Ciências, um aromatizante para ambientes. Todos os frascos foram comercializados, e quem adquiriu ainda pôde conhecer plantas medicinais e aromáticas e ainda tomar água saborizada no estande “Cheirinho do Primeiro Ano”, tudo preparado com muito aprendizado e disposição das crianças de seis anos, que contaram com a parceria das famílias. Para chegar a esse resultado de sucesso, que rendeu, com o dinheiro arrecadado nas vendas, um passeio em um parque de Trindade com direito a lanche especial, o grupo estudou e se preparou o ano todo.

A professora conta que foi a primeira experiência da escola com o JEPP. “Em anos anteriores só tínhamos Educação Infantil. Com a abertura do Ensino Fundamental, chegou a proposta de trabalharmos a educação empreendedora. Percebemos que com o tema Jardim Sensorial seria possível trabalhar de maneira interdisciplinar, com práticas pedagógicas que integram diferentes áreas de conhecimento. Além de português, ciências e matemática, os alunos puderam despertar os sentidos como visão, olfato, paladar e tato”, explica Tatyane.

Essa integração, de acordo com ela, trouxe diversos benefícios, como estímulo à curiosidade dos alunos, desenvolvimento do foco e da atenção e interação com a natureza, além de iniciar as crianças na identificação de habilidades empreendedoras como planejamento, comunicação, trabalho em grupo, e no enfrentamento de desafios como escolha de um produto, produção, parcerias e venda. Tudo que envolve a formação de jovens empreendedores. “A turma ficou bem engajada em todas as etapas, e, aliado aos conhecimentos teóricos, foi sugerido aos alunos que fizessem o plantio de um condimento, planta medicinal ou aromática em casa, e depois todos levaram para a mini-horta.”

Processos diversos foram aplicados, como o de venda e finanças

Com isso, as crianças conseguiram envolver os pais. “Os momentos de estudo do projeto foram cada vez mais ricos, e com diálogo conseguimos saber mais sobre a vida dos alunos, a profissão dos pais, sobre o que eles gostavam de fazer e, aos poucos, foram entendendo o que é empreender, não só na questão de ter um negócio, mas empreender na própria vida, aprender a organizar e planejar o tempo para estudos, para o lazer, e a administrar também a vida. Foi um ano muito dinâmico e atrativo para a turma”, conta Tatyane.

Depois dos estudos teóricos e da formação da mini-horta o grupo fez uma pesquisa de mercado na escola para saber se haveria público para comprar o produto, um aromatizante de ambiente. Com a intenção de compra comprovada, a etapa seguinte foi planejar as etapas que viriam pela frente. Pesquisa de preço da embalagem, custo da produção, quais ingredientes, definir o aroma, nome do produto, logomarca e preço de venda do aromatizante. “A sala de aula virou uma miniempresa, e cada grupo ficou responsável por um departamento. Lá discutíamos detalhes, os alunos traziam ideias e colocamos em prática o que planejamos em conjunto”, lembra a professora.

No mês de agosto o grupo deu início à produção do aromatizante de ambiente de capim-limão, porque o produto precisava de tempo de descanso para maturar a essência. Até uma folha da planta foi colocada para mostrar que o produto era artesanal. Com nome “Cheirinho do Primeiro Ano”, o produto foi armazenado em local correto, etiquetado e precificado sob orientação da professora. Foram 70 frascos de 100 ml (adquiridos com a doação dos pais) para serem vendidos a R$ 10 o borrifador. “Os alunos perceberam o quanto a matemática foi importante nesse processo porque tiveram que fazer contas, identificar quanto arrecadariam se vendessem toda ou parte da produção. É um aprendizado na prática e com muita empolgação”, ressalta.

Recepção com chás e água saborizada fez sucesso

Para a feira, que aconteceu no fim de 2023, os alunos trabalharam em grupos. A dinâmica foi planejada antes e dessa vez a comunicação das crianças foi treinada e testada durante o evento, que reuniu familiares, alunos de outras séries e a comunidade local. A barraca do primeiro ano foi decorada com vasinhos de plantas que os alunos trouxeram, fotos de todo o processo, a água saborizada e o chá das plantas medicinais para atrair os clientes. Todos sabiam a composição do produto e como utilizar, e uma equipe ficou no atendimento e venda, outra no caixa e outra abordando possíveis clientes e levando-os para o estande.

“Eles me surpreenderam. Ver aquele cuidado com o cliente, saber oferecer o produto, fazer a venda com fichas, voltar o troco, entregar o produto embalado, agradecer a preferência com a água e o chá foi maravilhoso. A organização deles foi bonita, de ver e a barraca ficou lotada e em pouco tempo eles venderam tudo. Aconteceu melhor do que eu imaginava”, comemorou a professora.

Tatyane também ressaltou que programas como esse podem transformar a vida de alunos e das famílias, porque todos ganham com o aprendizado e com o conhecimento. “Mostramos que é possível trabalhar em grupo, ganhar um dinheiro a partir da participação de cada um e fazer isso com alegria. Foi muito gratificante ver que conseguimos executar com sucesso o que planejamos desde o início do ano. O JEPP é incrível, e os alunos já estão prontos para o desafio deste ano”.