
As Macrotendências do Inova Moda Digital Outono/Inverno 2026 foram apresentadas na noite de terça-feira (05) na Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia. Promovida pelo Sebrae Goiás e o Senai CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), a palestra foi ministrada por Angélica Lima, consultora técnica do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção e pesquisadora do Inova Moda Digital. A plataforma é uma iniciativa do Sebrae Nacional e do Senai CETIQT, que visa promover o conhecimento, a capacitação, o desenvolvimento e a competitividade de pequenos negócios no setor da moda.
Em um mundo marcado por rupturas, polarizações e transformações aceleradas, o Inova Moda Digital Outono/Inverno 2026 escolhe a “Disforia” como ponto de partida para refletir sobre os impactos das crises contemporâneas e propor caminhos criativos para a moda. Longe de ser apenas um conceito estético, a disforia é aqui entendida como um estado de estranhamento coletivo, uma inquietação que, ao invés de paralisar, impulsiona a reinvenção.
“É uma proposta de reinvenção em tempos de instabilidade. É mergulhar nas tensões do presente para construir pontes entre o digital e o físico, entre o ancestral e o futurista, entre o caos e a criação. O resultado é uma proposta que não apenas acompanha as mudanças sociais, mas as interpreta com sensibilidade e profundidade”, analisa Angélica, que complementa que está falando de um cenário complexo, de dualidade entre outros pontos que ilustram um momento de transição.
As palavras-chave nesse contexto são Intergeracional (Valorização de diferentes gerações e suas influências); Pausas estratégicas (Busca por momentos de reflexão e desaceleração); Multicultural (Reconhecimento e celebração da diversidade cultural); Atemporalidade (Criação de peças que transcendem tendências passageiras); Conexões alegres (Promoção de laços sociais positivos e inspiradores); Inovação ancestral (Busca por soluções sustentáveis e inspiradas no passado); Necessidades opostas (Entendimento das dualidades e contradições do consumidor) e Futuro em construção (Visão de que o futuro está sendo moldado no presente).
O estudo mostra que as conexões curam e inspiram. Em tempos de sobrecarga informacional e vínculos frágeis, o Inova Moda propõe uma moda que valoriza relações autênticas entre pessoas, culturas, gerações e territórios. A valorização do intergeracional, por exemplo, resgata saberes e estéticas de diferentes faixas etárias, promovendo um diálogo rico entre tradição e inovação.
“Aqui estamos falando de múltiplas ferramentas que estão aparecendo com a iminência de transformar o mundo e ao mesmo tempo uma emergência de que o mundo precisa ser transformado. Algumas metodologias precisam ser refinadas, ser inventadas e aplicadas com maior inteligência. Seja ela para diversidade inclusive quando a gente está falando de cadeias de abastecimento e necessidades do consumidor. Então ‘beber’ de cenários não tradicionais faz com que a gente ganhe pontos em competitividade e inovação”, explica Angélica.
Um exemplo que a consultora deu foi o de Renato Quaresma, fotógrafo que desde 2022 se aventura pelo mundo da inteligência artificial. Com a bagagem profissional, ele visita lugares como o Nordeste e registra tudo que é maravilhoso, curioso e bonito e começa a construir novas linguagens de comunicação e de identidade de imagem. “Por meio de um Nordeste imaginário ele traz texturas, manualidades, cores, personalidades para quase que um conto de fadas nordestino, baseado na própria vivência, em um olhar fantástico do impressionante e impossível”, exemplifica.
As “pausas estratégicas” surgem como contraponto à aceleração desenfreada. São momentos de desaceleração que permitem a reflexão, valorizam a experiência, o cuidado e a escuta, elementos essenciais para uma moda mais consciente e conectada com as reais necessidades do consumidor.
De acordo com a consultora e pesquisadora, a diversidade cultural é celebrada como força criativa. Estéticas plurais, narrativas locais e saberes tradicionais ganham protagonismo e reforçam a importância de uma moda que respeita e valoriza as múltiplas identidades. “A inovação ancestral se destaca como uma das tendências mais potentes e significa buscar no passado soluções sustentáveis para os desafios do presente, como o uso de técnicas artesanais e materiais de baixo impacto ambiental”, explica.

Atemporalidade é outro eixo fundamental. Em vez de seguir tendências efêmeras, a proposta é criar peças que resistam ao tempo, tanto em estilo quanto em propósito. Essa abordagem responde à crescente demanda por consumo consciente e à valorização de produtos com histórias e significados. Angélica citou exemplos da collab entre a Adidas, uma marca alemã, com a designer Manuela Alvarez. Essa é a segunda collab da Adidas com a América Latina, a primeira foi com a Farm. “São peças baseadas em manualidades e artesanias colombianas feitas por mãos de artesãos locais”, disse.
Como uma parceria com objetivos similares, uma empresa de calçados se juntou a uma indústria de carro, estrategicamente, para chegar mais perto dos objetivos de desenvolvimento sustentável e de menor impacto. Da parceria da Asics com a Toyoda Gosei, uma divisão da japonesa Toyota, foi lançado um tênis confeccionado com couro dos volantes dos carros da marca. Outro exemplo citado pela consultora e pesquisadora foi o da Rabanne, que inseriu sua coleção em um baile funk carioca, para chegar mais perto dos objetivos de desenvolvimento e menor impacto. As modelos, os locais, os dançarinos, todos cariocas.
Cores e produtos
Angélica ainda abordou sobre o e-book de Cores e Produtos Outono/Inverno 2026, que apresenta cartelas que traduzem essas emoções e tensões em tonalidades profundas, contrastantes e simbólicas. A “tecnologia intencional” aparece como aliada da sustentabilidade, com foco em processos que respeitam o meio ambiente e promovem circularidade.
Imaginário Radical com exploração de novas possibilidades e caminhos para a moda; Ressonância, com a busca por peças que causem impacto e reverberem em outros cenários; Materiais Sustentáveis com ênfase no uso de materiais inovadores e de baixo impacto ambiental; Transformações na Moda, com apresentação de novas lentes e códigos que estão movimentando a indústria e Conexão com o Artesanato sobre a valorização do artesanato e suas conexões com a cultura e a sustentabilidade.
O conceito de “necessidades opostas” também ganha espaço, reconhecendo que o consumidor contemporâneo é movido por contradições: deseja tecnologia, mas também conexão humana; busca inovação, mas valoriza o passado; quer exclusividade, mas exige inclusão. A moda, portanto, precisa ser capaz de dialogar com essas complexidades. Já o “imaginário radical” convida à ousadia: é hora de explorar novas narrativas, romper padrões e experimentar. A moda se torna espaço de ressonância, peças que reverberam em diferentes contextos, provocam reflexões e geram impacto.
Por fim, a conexão com o artesanato reafirma a importância da cultura local e da manualidade como pilares de uma moda mais humana. Técnicas tradicionais, materiais naturais e processos colaborativos são valorizados como expressão de identidade e resistência. “O Inova Moda Digital Outono/Inverno 2026 propõe perguntas urgentes. Em meio à disforia global, a moda se torna ferramenta de reconstrução, empatia e imaginação. E nesse cenário, cada peça, cada cor, cada escolha é um manifesto por um futuro em construção.”

Roda de Conversa
Antes da palestra, o evento contou com um bate-papo sobre a carreira do profissional de moda em Goiás, promovido pelo Senac. A mesa reuniu empresárias e profissionais do setor. Conduzida pela gestora de Negócios de Moda, Beleza e Estética do Senac Goiás, Ildeth Dias, participaram a gestora estadual de Moda do Sebrae Goiás, Thaís Oliveira; Beatris Ferraz e Vanessa Cardoso, sócias das marcas BeatrisFerras, Nolla e Garoa; Thaís Maci, estilista; Kelly Coelho, proprietária da KC moda Fitness; Carol Testoni, coordenadora de Moda do Senai Goiás; e Angélica Lima, consultora técnica do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção e pesquisadora do Inova Moda Digital.
O diálogo trouxe reflexões importantes sobre os desafios enfrentados por quem atua na moda no estado, além de destacar iniciativas empreendedoras que tem ganhado espaço no cenário regional, nacional e internacional. Os desafios e as reinvenções necessárias diante de um mercado em constante mutação também foi tema discutido entre as profissionais.
A conversa revelou um cenário marcado por crise de identidade profissional, especialmente entre designers e empreendedores que buscam se afirmar em um ambiente competitivo, muitas vezes carente de reconhecimento e estrutura. Apesar disso, o bate-papo também trouxe perspectivas otimistas e casos de sucesso e de resiliência entre as profissionais, empresárias, estilistas, designers, que foram capazes de transformar crises em potência criativa.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106
Na Regional Central | Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Adrianne Vitoreli – (62) 98144-2178
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