Agência Sebrae de Notícias

O bem-estar financeiro é a condição em que uma pessoa se vê capaz de cumprir as obrigações financeiras recorrentes, sentir-se seguro e confiante a respeito de seu futuro e fazer escolhas que permitam aproveitar a vida. Mas, para que isso aconteça, é necessário muito mais do que conhecimentos técnicos em finanças. Com o tema “Como as emoções afetam a vida financeira do empreendedor”, Thiago Godoy, conhecido como “Papai Financeiro”, participou do encerramento da Semana Conexão Financeira, na manhã de sábado (6), no auditório do Sebrae Goiás na capital do estado.

Com uma abordagem participativa e acessível, Thiago, que é mestre pela FGV, autor do best-seller “Emoções Financeiras” e referência nacional em educação financeira, tornou o encontro um espaço de reflexão sobre um tema muitas vezes negligenciado na vida e no universo dos negócios, que é o impacto das emoções na vida financeira do empreendedor. Ele trouxe à tona os dilemas emocionais que influenciam decisões econômicas e a sustentabilidade dos pequenos negócios.

Durante a palestra, Thiago conduziu os participantes por uma jornada de autoconhecimento e inteligência emocional aplicada às finanças. “Não é sobre quanto você ganha, mas sobre como você se relaciona com o dinheiro”, afirmou o palestrante. Ele destacou que crenças limitantes, ansiedade e impulsividade são fatores que podem comprometer a saúde financeira de qualquer empreendimento. Para ele, a vida financeira é um reflexo da organização interna de cada um.

Thiago explicou que a pessoa pode ser um bom empreendedor, vender bem, ser bom no marketing, no relacionamento, ser um empreendedor apaixonado, dedicado e ter até um bom faturamento. Mas, se não colocar a gestão financeira como um pilar essencial para a vida, nada disso vai fazer nem o empreendedor e nem a pessoa física decolar. “A parte financeira é muito racional, precisa de uma dedicação específica, de tempo, de energia e de conhecimento para que consiga ser um motor que vai sim garantir que você continue fazendo o que você faz da maneira melhor possível”, analisou.

Para reforçar a análise, o palestrante afirmou que o principal objetivo da empresa, o propósito, não pode ser o lucro. “Mas o lucro é a gasolina, é o motor que vai fazer essa empresa crescer, se desenvolver. Sem lucro essa empresa para. O propósito da empresa é atender o cliente, melhorar a vida das pessoas, impactar positivamente as comunidades e a sociedade. Mas é importante a empresa colocar o lucro como prioridade e isso é feito pela organização financeira”.

E onde entram as emoções? Thiago disse que quanto mais conhecimento as pessoas têm, mais condições de tomar decisões acertadas. Mas o contrário é o que mais acontece. Segundo ele, quando as decisões são erradas, 100% das vezes é porque não se tem clareza do cenário e os empreendedores decidem que precisam investir na empresa quando ainda não é o momento ou misturam as finanças pessoais e da empresa.

Ele compartilhou dados de sua pesquisa com mais de 400 famílias endividadas, revelando padrões emocionais recorrentes que dificultam o planejamento e a tomada de decisões conscientes. “O empreendedor precisa entender que o medo de perder pode ser tão prejudicial quanto a euforia de ganhar”, alertou.

Um dos exemplos que ele citou foi a retirada de pró-labore acima do planejado porque a empresa faturou mais em um determinado mês, ou ainda quando o empresário adquire um automóvel novo, importado, animado com o aumento desse faturamento por mais meses seguidos. Faturamento e lucro são dois conceitos fundamentais na gestão financeira de qualquer negócio, mas que muitas vezes são confundidos.

De acordo com Thiago, o que ele mais vê são pessoas dando um passo maior do que a perna. “Estou vendo as pessoas se endividando na pessoa física, na pessoa jurídica para acessarem coisas que elas não têm que acessar e as emoções são as vilãs. No ocidente, somos condicionados a resolver os problemas e não a entender os problemas e pode ser aí que as coisas complicam muito a vida dos empreendedores”, ressalta.

A empresa pode ter saúde financeira, mas, para Thiago, se o faturamento for remetido para vida pessoal, financiamento de casa, carro, cartão de crédito de alto valor, viagens, essas decisões emocionais podem sangrar a empresa. Ele frisou durante toda a palestra que não adianta o empreendedor faturar duas vezes mais e ficar refém desse dinheiro, se ele gasta três, quatro vezes mais para manter o padrão de vida que ele decidiu ter. “Sem hipocrisia, ter dinheiro é muito bom, mas é preciso ter pé no chão, programação, planejamento e isso só é possível com conhecimento racional.”

Enquanto o faturamento mostra o volume de vendas, o lucro revela a rentabilidade real do negócio. É possível, por exemplo, que uma empresa tenha um faturamento alto, mas um lucro baixo, ou até prejuízo, se os custos forem mal administrados. O palestrante reforça que o empreendedor pode ser o mais dedicado, ter o melhor bolo da cidade e o que mais vende no momento. Mas isso não é o suficiente.

Apesar de ter uma margem boa, para ter organização financeira é preciso comprar do melhor fornecedor, precificar bem o produto, garantir os melhores profissionais para manter a qualidade e isso faz parte de entender como o pilar financeiro está posicionado na vida de cada um. “E passo-a-passo, caminhar para o crescimento da empresa é o melhor caminho para validar o que está certo ou mudar a rota, caso algo não estiver como planejado. Empresa saudável é aquela que olha para o ano passado e procura diminuir os custos para garantir, no fim, mais lucro”, avaliou.

Semana Conexão Financeira – A Semana Conexão Financeira foi uma Jornada de Capacitação em Finanças para Pequenos Negócios, realizada na Regional Central do Sebrae Goiás, em Goiânia, de 1 a 6 de setembro. A iniciativa teve como objetivo fortalecer a gestão financeira de microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).

Durante quatro dias, os participantes passaram por uma trilha prática e aplicada, com oficinas presenciais de 4 horas cada, conduzidas por especialistas da área de finanças e gestão. Os temas abordados foram: Faça seu Fluxo de Caixa e Controle seu Capital de Giro; Faça seus Indicadores Financeiros; Quarta do Crédito Atendimento Regional; Faça sua Estratégia de Precificação; e Faça o Crédito Consciente.

No sábado, a primeira palestra foi com a economista e consultora do Sebrae Goiás, Andréa Dionísio, sobre Planejamento Financeiro para MPE. Além das palestras de encerramento, o evento contou com a participação de instituições parceiras como Goiás Fomento, GarantiGoiás, Sicoob, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, CDL Goiânia, Sicredi e Cresol, que ofereceram orientação e oportunidades de crédito aos participantes.

Para Gustavo Toledo, gestor estadual do Programa Conexão Financeira, no Sebrae Goiás, o evento foi extremamente positivo porque foram dias de muita orientação, consultoria e empresas que saíram do Sebrae transformadas, porque entendiam finanças de uma forma e agora entendem de fato como tratar desse pilar tão importante em um negócio. “Dessa forma, o Sebrae cumpre a missão de trazer o desenvolvimento econômico para as micro e pequenas empresas. Como um ator importante nesse ecossistema, o Sebrae facilita o encontro de empreendedores com instituições financeiras, Tribunal de Justiça, CDL, para que as empresas tenham informações do débito ao crédito”, avaliou.

Allyson Silva, analista do Sebrae Goiás e interlocutor do Programa Conexão Financeira pela Regional Goiânia, disse que o evento foi importante para que os empreendedores conheçam todo o portifólio de soluções que o Sebrae possui. “Temos disponível nossas consultorias com especialistas em gestão financeira, com atendimento e orientação gratuita, presencial ou on-line. Além disso, as parcerias institucionais estão muito fortes com o Conexão Financeira, como a Quarta-feira do Crédito. Estamos à disposição para atender esses empresários ou aqueles que pretendem ter um negócios”.

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