
Durante um dia inteiro de atividades, servidores públicos participaram de uma capacitação voltada para a melhoria do atendimento a pessoas com deficiência e neurodivergentes. A ação, idealizada pela servidora pública Janaina Espíndola, mãe de um filho autista e engajada na causa da inclusão, foi realizada no dia 25/09 pela Secretaria de Indústria, Comércio e Agricultura de Anápolis em parceria com o Sebrae Goiás.
O encontro reuniu cerca de 60 servidores da administração pública, com foco especial nos atendentes da secretaria, onde funciona uma das Salas do Empreendedor do município. “Muitas pessoas com deficiência têm dificuldades em encontrar trabalho na CLT, e por necessidade acabam empreendendo. Quando chegam aqui, precisam encontrar a orientação certa”, destacou Janaina.

Um dos grandes destaques do evento foi o papel articulador do Sebrae Goiás, que assumiu a missão de dar visibilidade ao tema e reforçar o papel das Salas do Empreendedor como ponto de acolhida. Robson Tolentino, analista da instituição, lembrou que muitas pessoas com deficiência recorrem ao empreendedorismo como forma de garantir renda e autonomia.
“A Sala do Empreendedor é um espaço de acolhimento. Nosso papel é oferecer orientação prática e humanizada para que essas pessoas possam formalizar seus negócios e encontrar oportunidades reais no mercado”, afirmou.
Ele lembrou que, ao abrir as portas para esse público, o Sebrae cumpre um papel essencial: transformar a inclusão em prática cotidiana. Afinal, quando um atendimento é feito com respeito e empatia, o impacto vai muito além de um protocolo, ele pode ser decisivo para a vida de quem busca empreender.

A proposta do encontro foi dar voz às próprias pessoas com deficiência e levar especialistas renomados para falar sobre inclusão, acessibilidade e qualidade no atendimento. O dia de capacitação contou com palestras que emocionaram, provocaram reflexões e proporcionaram aprendizados práticos para os servidores. Entre os convidados estavam Rayssa Horrana (Senai), Trajano Figueiredo (FIMTPODER), a intérprete de Libras professora Kelley, a psicopedagoga Janaína Athayde (ASPAAD) e a advogada Amanda Raila.
O clima foi de leveza e, ao mesmo tempo, de conscientização. Com humor, o palestrante Trajano Figueiredo, que é cego, compartilhou situações do dia a dia e explicou como se devem descrever pessoas e ambientes para uma pessoa com deficiência visual.
Na mesma linha, a advogada Amanda Raila reforçou a importância do respeito em pequenos gestos, como não ocupar vagas de estacionamento destinadas aos PCDs, banheiros adaptados e espaços reservados. “Não existe manual pronto para atender uma pessoa com deficiência. A melhor forma é atender como se atende qualquer outra pessoa e respeitar nosso espaço. Se a gente precisar de ajuda, não se preocupe, nós vamos dizer”, explicou. E foi direto ao ponto: “Só queremos ser tratados como pessoas normais, sem dó, infantilidade ou atitudes invasivas”.

Os relatos sensibilizaram os presentes e trouxeram uma nova perspectiva sobre como pequenas mudanças de atitude podem transformar a experiência de quem busca atendimento público.
Nem só de histórias leves se fez o encontro. Servidores e especialistas também compartilharam dores e apontaram falhas ainda muito presentes no dia a dia. Uma servidora pública relatou com indignação: “Já cheguei em uma escola onde o banheiro destinado a pessoas com deficiência era usado como depósito”.
Situações como essa escancaram um problema ainda comum, a falta de acessibilidade real nos espaços públicos. Além das chamadas “deficiências invisíveis”, foram apontadas dificuldades em adquirir imóveis populares, muitas vezes estreitos e sem rampas de acesso, e a ausência de adaptações adequadas em prédios públicos e privados.

Esses relatos reforçaram a urgência de mudanças estruturais e culturais. Como lembrou a dra. Amanda, inclusão não é sobre criar regras engessadas, mas sim sobre cultivar empatia e respeito genuíno: “Se a gente quiser contar a nossa história, nós vamos fazer isso. Não há necessidade de perguntas invasivas”.
O evento também contou com a presença de autoridades locais que destacaram a relevância da iniciativa. O secretário de Indústria, Comércio e Agricultura de Anápolis, Kim Abrahão, ressaltou a responsabilidade dos servidores em garantir um atendimento de qualidade a todos. Já o secretário de Administração, Gestão de Pessoas e Inovação, Paulo Roberto Silva, pontuou a importância da capacitação contínua para a qualificação da mão de obra no setor público.
O vereador Reamilton Espíndola, conhecido como Reamilton do Autismo, participou como representante da Câmara Municipal e fez questão de enfatizar o impacto social da ação. Ele também falou sobre o projeto MEI Acessível, voltado para fortalecer a inclusão no empreendedorismo: “É nosso dever trabalhar para que Anápolis avance cada vez mais no acolhimento e no respeito às diferenças. O MEI Acessível é um passo importante para tornar os atendimentos mais inclusivos”.

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106
Na Regional Centro-Leste | Anápolis: Agência Entremeios Comunicação / Leidiana Batista – (62) 9862-66155
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