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Uma manhã de aprendizado e inspiração marcou a quarta-feira (23), para 33 alunos do Ensino Médio do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Deputado Professor José Luciano, na região sudoeste de Goiânia. Eles participaram da ação “Empreendedorismo Feminino na Escola”, uma iniciativa da professora Valéria Bueno de Castro Ramos e abraçada pelo Sebrae Goiás. Uma palestra foi realizada no auditório da instituição e, posteriormente, uma visita guiada à JJ Borrachas, em Abadia de Goiás, empresa liderada pela empresária Elisângela Colodino, destaque no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na etapa nacional, em 2023.
Os alunos foram atendidos pelo Programa Educação Empreendedora na capital goiana e com o objetivo principal despertar o interesse e fornecer conhecimento sobre o universo do empreendedorismo feminino para as jovens estudantes. A programação foi elaborada para oferecer uma visão abrangente sobre o tema, desde a contextualização histórica até as estratégias de sucesso no mundo dos negócios.
O encontro contou com a participação da responsável em Goiânia pelo programa Educação Empreendedora, Alice Galvão; da gestora Estadual do Programa Sebrae Delas, Vera Oliveira; da gestora estadual do Programa Sebrae Plural, Thais Oliveira, e da empresária Elisangela Colodino. Todas compartilharam experiências, perspectivas e números do empreendedorismo feminino com os alunos. A roda de conversa teve a participação de Valéria Bueno de Castro Ramos, professora da disciplina eletiva sobre história das mulheres no Cepi Deputado Professor José Luciano.
Durante o painel, foram abordados tópicos como a trajetória histórica das mulheres no empreendedorismo, as oportunidades e os desafios contemporâneos, as tendências para as novas gerações e as estratégias que levam ao sucesso. Além disso, as palestrantes enfatizaram a relevância do desenvolvimento de competências empreendedoras ainda na fase escolar.
A responsável em Goiânia pelo Programa Educação Empreendedora, Alice Galvão, apresentou o Sebrae Goiás, explicou como funciona o atendimento, o portifólio, os cursos on-line ou presenciais gratuitos e que a Casa do Empreendedor, de Goiânia, está sempre aberta para quem quer empreender ou melhorar o negócio.
Thais Oliveira, gestora estadual do Programa Plural, explicou que o objetivo do programa é promover o empreendedorismo como mecanismo de transformação social, ao ampliar os negócios liderados por pessoas de grupos minoritários na sociedade e, dessa forma, contribuir para a igualdade de oportunidades, diversidade e inclusão, por meio de relacionamento acolhedor, inclusivo e plural, em parceria com o HUB Goiás.
Vera Oliveira, gestora estadual do Programa Delas – (Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Apaixonadas por Sucesso), falou sobre o empreendedorismo feminino e os programas que o Sebrae Goiás participa com três pilares: inspirar, capacitar e conectar mulheres que querem empreender ou que já empreendem e que possuem uma empresa, mas querem aprimorar os resultados do negócio. “Nós estamos falando, realmente, da possibilidade de transformar realidades. De fazer com que as ações promovidas por uma mulher na frente de um negócio transformem a sociedade, a comunidade e a família”, ressaltou.
A professora Valéria Bueno explicou que, dentro da história das mulheres, foram trabalhados temas sobre as mulheres cientistas, guerreiras e intenção também foi trabalhar sobre as mulheres empreendedoras. “Cada semana é uma temática sobre essas mulheres que foram e são invisibilizadas ao longo do tempo. Ao entrar em contato com o Sebrae deu tudo certo e conhecer uma mulher empreendedora, porque pode fazer parte do projeto de vida deles”, disse.
Para ela, mostrar que dá certo, e alguns caminhos a serem trilhados fortalece o desejo de cada um. “Essa ação é valiosa para estimular o espírito empreendedor entre as estudantes e apresentar o protagonismo feminino no mundo dos negócios como uma realidade inspiradora e acessível”, analisou Valéria.
Durante o encontro, a empresária Elisangela Colodino, proprietária da JJ Borrachas, resumiu a história dela no mundo do trabalho e empresarial. Ela contou aos alunos que começou a trabalhar muito cedo, aos 12 anos, e que, graças à vontade de aprender sempre mais e melhor, conseguiu conquistar o seu sonho, que era prosperar para cuidar da família e ainda ter tempo para conviver com os filhos. “O empreendedor precisa de muita resiliência, vontade de crescer, acreditar em um futuro melhor, mas trabalhar e estudar para isso. Saber o que quer, lutar para realizar e manter o propósito e as convicções”, enfatizou.
Visita guiada – Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer de perto a JJ Borrachas e a inspiradora história de sucesso de Elisângela Colodino. A visita guiada proporcionou um entendimento prático dos desafios e das estratégias utilizadas pela empresária para alcançar seus objetivos. Os estudantes conheceram cada etapa de produção e alguns até produziram uma peça. Curiosos, passaram por todos os locais e Elisangela explicava e respondia às dúvidas de cada um.
A visita causou um choque de realidade e ao mesmo tempo uma virada de chave na cabeça de muitos deles. Teve aluno que até se dispôs a trabalhar na empresa e se deslocar de bicicleta de Goiânia até Abadia. Outros queriam detalhes de cada processo, e aqueles que ficaram ainda impressionados com a visão empreendedora e o conhecimento da empresária.
Maria Eduarda Oliveira França foi uma delas. “Me sinto muito inspirada porque na sociedade a gente vive meio que sempre se reprimindo, achando que não pode alcançar o que muitos homens alcançaram e, de certa forma, vendo tudo isso, a gente fica inspirada, com o coração quentinho porque a gente vê que consegue tudo que a gente quiser, basta batalhar”, disse a aluna.
Emily Vitória Souza Cavalcante pensava que era difícil uma mulher liderar uma indústria, mas que, depois da eletiva com a professora Valéria e a visita na JJ Borrachas, ela acredita que se quiser ser, ela pode também. “Eu quero estudar, me esforçar e poder fazer como a Elisangela. Ter um negócio que possa empregar muitas mulheres e ser sustentável porque cada um precisa fazer a sua parte e aqui na empresa eles estão fazendo”, analisa.
Para a responsável pela Educação Empreendedora em Goiânia, Alice Galvão, essa é uma ação que faz parte de um processo de construção da cultura empreendedora em Goiânia. “A gente trabalha muito focado nessa base, nessa mudança de cultura, e isso parte da Educação Fundamental, da Educação do Ensino Médio. Com eles são trabalhados o empreendedorismo e o papel social na vida dessas pessoas, de uma comunidade”, explica.
Esse trabalho inclui preparar estudantes para entender como funciona o mundo fora da escola e o que é necessário para empreender com maior chance de sucesso. “Hoje eles tiveram um pouco desse olhar na prática. Com a Elisângela, eles puderam colocar a mão na massa e ver o dia a dia da empresa sem a romantização. Mostramos que é palpável, que é real, mas que a empresária veio da periferia, mulher, negra, mãe atípica, em um segmento predominantemente masculino, mas que apesar das dificuldades que a vida impôs, ela buscou se aperfeiçoar e com uma performance empreendedora, tornou-se uma mulher de negócios. E isso foi muito importante para todos se inspirarem”, frisou Alice.
JJ Borrachas – A JJ Borrachas, depois de adquirir uma dívida de R$ 500 mil por problemas com um sócio, atualmente funciona em Abadia de Goiás, em um espaço próprio de 10 mil metros quadrados. A empresa, que trabalha na fabricação de peças automotivas na linha de fixação, como coxins, buchas e amortecedores de forma sustentável (borracha que seria descartada), consegue produzir 993 itens nesse segmento e que são vendidos para todo Brasil.
Dos 26 colaboradores, mais de 50% são mulheres e nove deles trabalham como MEI. “Foi uma forma que encontrei de conseguir remunerar melhor meus colaboradores e estimular todos a empreender também”, contou. Atualmente, a JJ Borrachas prevê que o faturamento deve aumentar 30% em relação ao ano anterior. Elisangela participou em 2023 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, Ela ganhou as etapas estadual e a regional, e ficou em segundo lugar do prêmio nacional.
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