Agência Sebrae de Notícias

A empresária, ex-modelo, comunicadora, apresentadora e youtuber Ana Hickmann, 43, foi a estrela do último dia da Amarê Fashion – Semana da Moda Goiana, no sábado (10), no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. Eleita pela revista GQ Itália como uma das dez mulheres mais bonitas do mundo em 2001, Ana mostrou que mantém uma legião de fãs e lotou o auditório do evento. Ela participou de um talk show com o tema “Empoderamento Feminino e Moda”, e os admiradores não pouparam suspiros, aplausos e muitos vídeos e fotos da famosa que possui mais de 20 anos de experiência no segmento de moda como empreendedora.

O talk foi conduzido pelo consultor do Sebrae e instrutor do Senac Leandro Pires. O bate-papo durou cerca de 50 minutos, o suficiente para Ana contar um pouco da sua história e dos desafios de se empreender na moda, principalmente para mulheres. Segundo ela, culturalmente no Brasil ensinaram que as mulheres deveriam apenas participar dos serviços de casa, cuidar dos filhos e do companheiro e que só os homens sabiam cuidar dos negócios. “Com o passar do tempo, as mulheres, por diversos motivos, tiveram que entrar para o mercado de trabalho e montar os próprios empreendimentos, mas com muitas dificuldades, preconceito e julgamento”, analisou.

Ana contou que como a carreira de modelo tinha prazo de validade, precisava empreender em busca do seu sonho, que era ajudar a família, ter uma boa condição de vida, continuar seu sustento e proporcionar de alguma forma oportunidades para outras mulheres. Depois de já ter trabalhado para marcas famosas (Wella, L’Oréal, La Perla), morado fora do país por anos, desfilado para os estilistas mais cobiçados do mundo, como Giorgio Armani, Lorenzo Riva, Gai Mattiolo, e estampado capas de revistas conceituadas, como GQ, Cosmopolitan Gear e Zink, Marie Claire e Allure, ela decidiu que era hora de empreender.

O diretor de arte e chefe da Vogue Brasil, que trabalhava com a Beira Rio (marca de calçados), convidou a modelo para ser embaixadora da marca Vizzano Cristal em 2002. “Na sequência ele descobriu minha paixão por acessórios e perguntou se eu não queria fazer a minha própria linha de calçados, e foi assim que nasceu a Ana empreendedora”, contou.

Nesse período partiu para o varejo como designer de sua coleção e experimentou pela primeira vez o licenciamento de marca. De acordo com ela, isso só deu certo porque ela passou a estudar todas as etapas da construção de um calçado. Na primeira coleção, foram três modelos. “E foi o grande sucesso daquilo que garantiu a minha história empreendedora, e eu sabia que poderia chegar mais longe”, analisou. Em seguida ela lançou uma nova coleção, conciliando o trabalho de modelo em Nova York.

Ainda em 2002 ela lançou a marca de óculos Ana Hickman Eyewear, em que participou de todo processo de criação das coleções, eventos, campanhas de lançamento. A fábrica inicialmente era fora do país, mas há 16 anos a produção é feita em uma fábrica em Palmas, capital do Tocantins. “São 580 colaboradores e cerca de 85% mulheres”, se orgulha a empresária. Ela lembrou que um dos momentos marcantes foi quando participou da Feira de Moda de Paris, onde acontecia paralelamente a Simon, uma das maiores feiras do setor óptico do mundo. Passando por algumas ruas com várias marcas importantíssimas, Ana viu em uma ótica óculos da Gucci, Dior, Tom Ford e peças da sua marca na mesma vitrine. “Chorei como uma criança, porque já tinham chamado meus produtos de marca de oportunidade”, lembrou.

Atualmente Ana possui mais de 15 categorias de produtos e marcas associadas ligadas à área de beleza e moda. De acordo com ela, não é fácil para uma mulher empreender nenhum dia. “A grande verdade é que a gente tem que vencer barreiras todos os dias. São barreiras internas e principalmente externas, como o preconceito do tipo rostinho bonito e cabeça vazia”, relembrou. Ao longo do tempo, ela conta que as barreiras foram outras, como, por exemplo, o receio de que não conseguiria fazer as partes de gestão financeira, administrativa e de investimentos.

“Existe muita sabotagem e autossabotagem, então meu conselho é que vocês, mulheres, estudem, busquem conhecimento, participem de capacitações para que consigam ser protagonistas da própria vida e não apenas coadjuvantes”, afirma. Ela complementou que a própria trajetória foi construída com muitos acertos e erros também e que os erros servem para aprender a fazer diferente e isso não impede ninguém de tentar. “Nossos valores, conhecimento e cultura é o nosso maior patrimônio e ninguém tira isso da gente”, enfatizou.

Em relação à Ana modelo de antes e a Ana empreendedora de hoje, a empresária contou que atualmente é uma mulher independente e recentemente gestora dos próprios negócios e da própria vida. “Quando comecei a trabalhar eu queria impactar não só na vida da minha família, mas de muitas outras pessoas. Hoje tenho muito orgulho da minha jornada, que não foi só de sucesso e momentos bons, mas que me trouxe ensinamentos, e eu espero que eu possa de alguma forma inspirar outras mulheres a buscarem o que querem com coragem, determinação e resiliência.”

Investir no mundo digital, ampliar o networking, fazer conexões com marcas que fazem sentido, buscar informações sobre diferentes plataformas de vendas, aprender a utilizar novas tecnologias como a inteligência artificial foram algumas dicas que a empresária deu durante o talk. Ana disse também que as pessoas precisam ter em mente que os desafios virão, mas que terão soluções e serão vencidos e não se pode ter medo de encarar e tentar. “Então desafios a gente tem todos os dias, mas temos que enfrentar e fazer isso com cabeça erguida e dignidade”, ressaltou.

Para ela, a idade não pode determinar quem é uma pessoa e que a Amarê Fashion é um exemplo de evento em que instituições parceiras, como o Sebrae e Senac e o governo do estado, mostram os portfólios que preparam quem quer ter sucesso, seja de 18 ou 50 anos, a terem sucesso empresarial.

Depois de Ana, a última palestra da Amarê Fashion foi do estilista do povo originário Kaixana, Maurício Duarte, que falou sobre “Moda, Origem e Cultura”. Maurício, que já apresentou seu trabalho na São Paulo Fashion Week, produz uma moda sofisticada que valoriza a história de seus ancestrais e de outras etnias indígenas do Amazonas.

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