Chapada dos Veadeiros se consolida também como rota de bem-estar e saúde

Com suporte do Programa Turismo 4.0 do Sebrae Goiás, região diversifica sua atuação para atrair novos visitantes, inclusive internacionais

Por Renato Feitosa, de Alto Paraíso de Goiás

Encontro teve como objetivo mostrar e alinhar questões sobre branding e posicionamento da Rota Viva Veadeiros (Fotos Renato Feitosa)

A Chapada dos Veadeiros, paraíso ambiental do Nordeste Goiano, vem diversificando sua matriz turística, e agora se consolida também como rota de bem-estar e saúde. O Sebrae, por meio do Programa Turismo 4.0, juntamente com a Associação Veadeiros, Goiás Turismo, Associação de Terapeutas de Alto Paraíso de Goiás (Atap) e UnB Cerrado, extensão da Universidade de Brasília no município goiano, além do municípios de Alto Paraíso e de Cavalcante, vêm formatando esse novo roteiro.

No último dia 25 de março, em Alto Paraíso, autoridades municipais, as entidades envolvidas no projeto, juntamente com micro e pequenos empresários turísticos e representantes de Cavalcante se reuniram para discutir o desenvolvimento da região como destino turístico bem-estar e saúde e discutir o “Place Branding”, ou seja, o desenvolvimento de marca e direcionamento para a rota, que será chamada de “Rota Viva Veadeiros”, com a assinatura “Experiência de Bem-Estar”.

Cléber Chagas, gerente regional, enalteceu o trabalho em conjunto feito entre diversoas entidades, poder público e empresários

O gerente Cléber Chagas, da Regional do Entorno do DF/Nordeste do Sebrae Goiás, agradeceu pelo empenho de todos no projeto, que não se limita a Alto Paraíso de Goiás, mas se estende a toda a Chapada dos Veadeiros. “Acompanhei a marca desde o seu embrião até hoje. O que realmente a fez prosperar foram as pessoas comprometidas com o coletivo, as individualidades que se uniram em prol de um objetivo comum. E isso aqui na Chapada dos Veadeiros é algo que é um verdadeiro show. Por isso, fica o convite para que continuemos juntos. Muito obrigado a todos”, disse.

A gestora estadual de Turismo do Sebrae, Priscila Vilarinho, destacou importância do processo em construção desde seus primórdios. Ela frisou que o trabalho é territorial e que para chegar nesse estágio foi necessário estabelecer uma grande parceria com todos os envolvidos no segmento. Ela lembrou que o Programa Turismo 4.0 tem foco na formatação e implantação de novos produtos turísticos no estado. “É necessário desenvolver o ecossistema, colocar nossa energia e o nosso trabalho para trabalhar com um grupo de pessoas com visão e objetivo em comum, que é o turismo de bem-estar e saúde. O que queremos com essa rota é fortalecer cada vez mais as associações envolvidas, a Associação Veadeiros e a Associação dos Terapeutas, que têm sido mais do que parceiras ao longo desse tempo, trilhando algumas coisas conosco, abraçando a causa e indo junto. Também temos a KCE, associação local dos Kalunga, que também está junto e que acabou de ser premiada, nos ajudando a levar essa mensagem, e a Goiás Turismo”, analisou. Para Priscila, a ideia é que a rota se transforme em mais que uma marca, mas sim uma estratégia de mercado. “Cada uma dessas estratégias aqui apresentadas será trabalhada. O que temos para ajudar aqui, enquanto Sebrae, é o nosso foco no mercado nacional e internacional, dialogando com as instituições”, ressaltou.

A gestora de Turismo Priscila Vilarinho disse que é importante que rota dê origem a estratégias de mercado

O analista do Sebrae Charles Dumaresq ressaltou a importância do trabalho em conjunto para o sucesso da iniciativa. Ele frisou que a união entre os diversos setores do turismo é fundamental para o desenvolvimento da Chapada dos Veadeiros como um destino de referência em bem-estar e saúde. “Estamos entregando mais uma etapa no desenvolvimento da rota de saúde e bem-estar. É uma rota pioneira no Brasil com essa temática, e estamos trabalhando desde o ano passado, principalmente nos municípios de Cavalcante e Alto Paraíso. Mas essa rota pertence à Chapada dos Veadeiros como um todo, e neste momento estamos muito além de consolidar essa etapa. Tivemos diversos encontros de formulações durante todo esse projeto para a entrega de um produto. Na verdade, não é a entrega de uma marca, mas sim uma estratégia de mercado para a colocação da rota em si”, analisou.

Place Branding

A consultora do Sebrae Raquel Monteiro foi uma das idealizadoras e organizadoras pioneiras do Place Branding na Chapada dos Veadeiros. Sua visão e trabalho foram fundamentais para a construção da Rota Viva Veadeiros.

“Estamos falando sobre segmentos potenciais, e aqui na Chapada, o de bem-estar se destacou. Em 2022, o Sebrae resolveu trabalhar com esse segmento, e em 2023 foi feito um estudo de competitividade, pois ainda não se considerava o mercado, apenas a oferta. Todas essas premissas batiam com estudo de mercado, com perspectiva de segurança e ativos naturais como atributo diferenciado e de sustentabilidade. Surgiram questões relevantes a serem consideradas, como a necessidade de agregar valores e experiências não somente para a Chapada dos Veadeiros, mas para o Brasil como um todo. Esse espírito de competitividade reforçou o segmento do bem-estar, que, após a pandemia da covid-19, ganhou um novo movimento e ainda está em crescimento. Para que esse segmento seja fomentado, deve ser considerada a identidade do território, a identidade cultural, geográfica e ambiental. Esses requisitos foram observados por um grupo lá atrás, porque a ideia era não desenvolver primeiro para depois fazer o branding, mas sim fazer o branding e trabalhar em cima do que ele representa. Esse foi o diagnóstico e, após todos esses estudos, inicia-se o Place Branding na Chapada dos Veadeiros, levando em conta sua potencialidade nesse segmento de bem-estar, seu potencial como destino turístico em diferentes estágios, seu potencial para o mercado nacional e internacional, sua natureza abundante e sua autenticidade”, afirmou.

A consultora Raquel Monteiro foi uma das idealizadoras da ideia e do processo de branding

De acordo com ela, o Sebrae desempenhou um papel crucial na arregimentação de empresários e profissionais da área. Através de ações estratégicas e apoio direcionado, contribuiu para a criação de um grupo coeso e organizado, capaz de impulsionar o desenvolvimento do setor.

Rota Viva Veadeiros

A consultora do Sebrae Gisella Simões, que veio de Florianópolis (SC), deu insights para os participantes do projeto. Segundo ela, além de atrações turísticas, os visitantes procuram também bem-estar e saúde, mas é necessário ordenar a oferta turística para que ela seja o “recheio” da rota. “A iniciativa, sem dúvidas, veio para agregar valor na vida de todos os participantes e daqueles que ainda irão aderir a esse grande projeto, que se destaca por ser grandioso e inovador. Vamos avançar, não há volta”, disse. Ela apresentou a coleção Viva Veadeiros, com projetos de souvenirs e outros produtos que serão oferecidos aos turistas e visitantes da Chapada. “Mais do que isso, é uma marca que será divulgada nos principais mercados e feiras de turismo do Brasil e do exterior. A ideia é oferecer produtos da Rota Viva Veadeiros com a marca e identidade visual da Chapada ativando a marca rotativa “Veadeiros”. Por essa razão, o projeto deve avançar e crescer promovendo o turismo da rota em feiras turísticas nacionais e internacionais”, explicou. Gisella também apresentou um projeto para a criação do calendário de eventos da rota e para a criação de um evento próprio.

Gisella Simões apresentou o Place Branding, mapa estratégico e propostas de posicionamento

Ela ressaltou a necessidade de as associações terem assessoria de imprensa e plano de mídia, principalmente para gestão de crise, além de desenvolvimento de governança, equipes e grupos de trabalho para o branding. Também falou sobre caravanas de integração, sinergia, ações de qualidade e sustentabilidade. A rota deverá trocar ideias e visitar outros destinos e suas práticas para conhecer de perto o que funciona e o que não funciona. A primeira sugestão de viagem do grupo é para a Costa Rica, um país importante para troca de experiências. “Trata-se de um território muito especial no coração do Brasil, que se chama Chapada dos Veadeiros, já consolidado como destino turístico, que agora embarca em uma nova jornada. Fizemos um recorte desse território para trabalhar o que estamos chamando de Rota Viva Veadeiros – Experiência de Bem-Estar. Estamos aqui para validar com o público três grandes etapas desse projeto.

A primeira etapa, já bastante avançada, busca entender o que somos enquanto produto, enquanto estratégia turística e enquanto rota. O que nos faz diferentes das demais? O que tem na nossa personalidade? Quais são os atributos do nosso posicionamento?”, disse. De acordo com ela, já foram definidos os pilares de posicionamento, que são: Bem-estar da alma. Bem-estar do corpo, Bem-estar da mente e Lazer saudável. Este último já é considerado como um grande indutor do turismo na Chapada dos Veadeiros: o lazer de cachoeiras. “Mas onde a gente complementa aqui agora é com o bem-estar da alma, bem-estar do corpo e bem-estar da mente, com experiências que de fato materializem a saúde e o bem-estar. Hoje também validaremos os nossos grupos de interesse, os nossos principais públicos-alvos. Ou seja, quem de fato vai interagir com a Rota Viva Veadeiros? Quem é o público que se interessa em vivenciar essas experiências? Onde eles estão? Como eles vivem? Qual é o estilo de comunicação que vamos usar para conversar com essas pessoas? Em que canais? Portanto, hoje definimos essa etapa importante. Ainda vamos trabalhar com o grupo como que essa rota vai fazer acontecer. Ou seja, como vamos tirar tudo isso do papel e transformar em projetos, em ações, eventos, parcerias, colaborações e novos produtos”, disse.

A marca proposta para a Rota Viva Veadeiros

Ela também apresentou o mapa de estratégia e o plano tático, incluindo as ações diversas que também poderão envolver baixo, médio ou alto nível de energia, custo e prazo, com mais de 25 ações que poderão impactar na disseminação do posicionamento da rota. Quanto à marca apresentada, ela lembrou que ela significa mais que um logotipo, mas todo um sistema gráfico, uma identidade visual, um conceito visual e verbal. “Esses detalhes, alinhados à marca já existente do destino Chapada dos Veadeiros, vão aparecer em diversos pontos de contato. Então, a gente já tem uma marca do território, a marca Chapada dos Veadeiros, e a gente valida hoje a marca do produto Rota Viva Veadeiros, que pertence a esse grande destino. Ainda temos algumas entregas para fazer para esse território: vamos sugerir sinalização e uma pequena coleção de produtos. Então, temos algumas pequenas entregas para fazer. Começamos 2024 com o pé direito nesse território tão querido, com esse produto que dará o que falar”, enfatizou.

Goiás Turismo e associações

A Goiás Turismo também marcou presença, representada por Alexandre Rezende. Ele reforçou a importância da Chapada dos Veadeiros e seus produtos para o estado, o Brasil e o mundo. “A partir de agora, a Chapada dos Veadeiros se consolida como rota de turismo de saúde e bem-estar, incorporando também a rota do Quilombo Kalunga, valorizando a cultura e a história locais. O público presente teve a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos em inovação e transformação digital, com foco na ampliação da oferta do turismo da Chapada dos Veadeiros no cenário nacional e internacional”, disse. Alexandre destacou ainda que o turismo de saúde e bem-estar proporciona qualidade de vida aos moradores e outros benefícios gerais e salientou que este será o setor que mais crescerá, pois o turista busca cada vez mais esses benefícios.

Representante da Goiás Turismo, Alexandre Rezende reforçou a importância da Chapada

“O bem-estar traz transformação e, por meio dessa experiência, o cliente vivencia uma mudança de vida, uma experiência transformadora. A Goiás Turismo tem levado o nome da Chapada para os principais destinos turísticos do Brasil, América do Sul e Europa. A operação de uma linha aérea da Azul para Alto Paraíso já está em andamento, e o projeto está bastante avançado. Com certeza, com tudo isso, o destino da Chapada dos Veadeiros será cada vez mais procurado, não somente por turistas de Brasília e de Goiânia, mas de outras partes do Brasil e do exterior. A Chapada é o melhor produto turístico de Goiás, ainda não o maior em termos de rentabilidade e valor de mercado. Caldas Novas, por exemplo, recebe 5,5 milhões de turistas por ano. Mas estamos trabalhando para que a Chapada se torne um destino ainda mais procurado. Eu, particularmente, como goiano que ama esse lugar, gostaria de vê- lo abarrotado de gente”, disse.

Lauro Jurgueaitis, da Associação Veadeiros, crê que nova rota vai reforçar ainda mais a região como destino turístico

Entre os presentes no evento, também estavam Marinice Fiorenza Vieira, presidente da Associação de Terapeutas de Alto Paraíso, e Lauro Jurgueaitis, presidente da Associação Veadeiros, além de outras figuras relevantes. “O Sebrae nos apresenta a Rota Viva Veadeiros, um novo produto que provavelmente será ancorado na Associação Veadeiros. Já temos o destino turístico Chapada dos Veadeiros, e este novo produto nasceu de um trabalho da Raquel com o Sebrae. Começou como rota do bem-estar e foi evoluindo até atingir uma marca: Viver Veadeiros. Essa marca oferece experiências sustentáveis na natureza, com terapeutas, guias, operadoras de turismo e gastronomia. Contempla toda a missão da Associação Veadeiros, com foco na região, atendendo aos municípios de Cavalcante, Alto Paraíso, Colinas, São João da Aliança e Teresina de Goiás. Mais uma vez, a Associação Veadeiros cumpre sua missão e vocação regional, principalmente para que a gente ordene cada vez melhor nosso turismo. O Sebrae nos apoia com o portal e o site, que inclui uma agência de viagens on-line. Tudo isso, apresentado ao nosso visitante e turista, oferece uma solução completa com a pegada da marca. Este momento é ímpar para nós, junto com os membros que já compõem a rota, mais de 60 no total. É um número interessante para iniciar um trabalho”, disse Lauro.

Marinice Fiorenza Vieira, da Associação de Terapeutas de Alto Paraíso, falou sobre a ampliação da atuação do trade turístico

“Acabei de assumir a presidência da Associação dos Terapeutas de Alto Paraíso. Antigamente a nossa presidente era Isamara Meyer, e a associação vem acompanhando o programa do Sebrae e o Place Branding desde o início do projeto. Como estamos em troca de gestão, a antiga presidente participou por algum período e nós entramos no último ano, começando a acompanhar todas as reuniões. A associação foi uma das primeiras que se afiliou ao Place Branding e está tendo um retorno muito bom, já conseguindo reorganizar sua marca, estrutura e reavaliar o perfil do seu cliente. Nesse próximo momento, em parceria com o Place Branding, vamos reorganizar nosso visual, material e campo de atuação, ampliando-o para toda a Chapada dos Veadeiros. Antigamente, o foco era a cidade de Alto Paraíso, mas agora, com essa parceria, vamos incluir a rota de bem-estar e saúde, ampliando-a junto da associação e do Sebrae”, disse Marinice.

Marta Kalunga, de Cavalcante, deu seu testemunho de como a união de propósitos traz benefícios ao empreendedorismo local

Também estava presente Marta Kalunga, empresária e empreendedora natural da comunidade Vão das Almas que reside em Cavalcante. “Em 2018, resolvi abrir um espaço na minha casa: o Hostal, com dois quartos. Convidei duas mulheres kalunga, como eu, que trabalham com a roça e seus produtos, como arroz, feijão, gergelim. A ideia era que elas pudessem ganhar seu próprio dinheiro com seu trabalho. As pessoas que se hospedavam no Hostal começaram a conhecer os produtos das mulheres. No entanto, com a pandemia, tudo deu uma parada. Foi nesse período que, junto com algumas das mulheres, criei a Casa Memória da Mulher Kalunga, um espaço de todas as mulheres. Hoje, somos 42 mulheres que fazem parte desse espaço. Fui convidada pelo Sebrae para participar desse projeto desde o início. Hoje estamos aqui para, juntos, definirmos uma rota com ênfase na saúde e no bem-estar, que abranja toda a Chapada dos Veadeiros. Até agora, muitas coisas eram feitas separadamente. Então, ao invés de cada um ter a sua própria logomarca, por que não nos juntarmos e termos uma só, onde possa estar junto todo mundo, inclusive o povo Kalunga?”, avaliou.