Agência Sebrae de Notícias

Em meio a painéis sobre investimentos, inovação e empreendedorismo, a palestra “Como Cheguei Até Aqui”, ministrada por Cíntia Chagas no palco do Conexão Financeira, foi um dos momentos inspiradores do evento, que aconteceu durante a quarta-feira, 19, no auditório do Transamérica Collection, em Goiânia, na jornada do Débito ao Crédito. Conhecida por sua atuação como professora, escritora e comunicadora, Cíntia compartilhou com o público uma jornada marcada por desafios pessoais, reinvenções e escolhas que a levaram a construir uma carreira pautada pela autenticidade.

Ao longo da apresentação, Cíntia compartilhou episódios marcantes de sua vida profissional e pessoal, desde os desafios enfrentados como professora até sua ascensão como influenciadora digital e palestrante. Ela destacou a importância de se comunicar com clareza e emoção, mostrando como a linguagem pode ser uma ferramenta poderosa para transformar realidades e abrir portas. “A gente não precisa ser perfeito para ser relevante. Precisa ser verdadeiro”, afirmou, arrancando aplausos e olhares da plateia.

A palestra foi além da biografia e Cíntia provocou reflexões sobre o papel da comunicação como ferramenta de conexão e transformação. Para ela, comunicar-se bem não é apenas dominar a norma culta, mas saber tocar o outro com clareza, empatia e intenção. “Quando você se comunica bem, você não apenas é entendido, você é sentido”, destacou.

Cíntia contou de forma descontraída e bem-humorada sobre valorização da essência em tempos de excesso de filtros tanto as redes e na vida. Ela defendeu que autenticidade é um ativo poderoso, especialmente em um mundo saturado de aparências. “Chegar até aqui foi sobre aceitar quem eu sou, com erros e acertos, e usar isso como força”, disse. Ao final, deixou um recado direto aos empreendedores e profissionais presentes: “Não esperem o cenário ideal para se posicionar. O mundo precisa de gente que fale com verdade, que viva com propósito e que não tenha medo de ser quem é.”

Teco Medina projeta 2026 com crescimento moderado e alerta para decisões fiscais pós-eleição

Durante palestra magna da tarde, o economista Luiz Gustavo Medina, mais conhecido como Teco Medina apresentou uma análise franca sobre os rumos da economia brasileira para os próximos anos. Com foco especial em 2026 e 2027, Medina destacou que o país vive um momento decisivo, em que as escolhas políticas e fiscais terão impacto direto sobre o crescimento, os juros e a inflação.

Segundo ele, o Brasil tem adotado uma estratégia de expansão fiscal que impulsiona o crescimento no curto prazo, mas empurra problemas estruturais para o futuro. “Estamos gastando o que não temos e jogando o problema lá na frente”, afirmou, ao explicar que o investimento empresarial é o motor que movimenta consumo e arrecadação, mas que depende de confiança e estabilidade.

Medina relembrou que o país cresceu durante os anos de superávit primário, mas desde 2013, com a virada para o déficit, os desafios se intensificaram. A tentativa de ajuste entre 2017 e 2022 foi interrompida com a retomada de déficits expressivos nos anos seguintes. “O atual governo injetou muito dinheiro na economia, o que impulsionou o crescimento, mas também elevou a dívida e os juros”, disse.

Com a maior taxa de juros em duas décadas, Medina projeta que em 2026 o Brasil crescerá entre 1,5% e 2%, com queda gradual dos juros e inflação controlada. No entanto, ele alerta que o cenário eleitoral será determinante. “Não importa quem seja o presidente, importa o que ele vai fazer com a economia”, pontuou, reforçando que decisões sobre gastos públicos serão cruciais. O economista também abordou o fenômeno da desglobalização e como o Brasil poderia se beneficiar da relocalização de empresas americanas. “O país tem mão de obra, espaço e energia limpa, mas está perdendo espaço para Índia e México por falta de foco estratégico”, afirmou.

Para Medina, o grande desafio é resolver o déficit fiscal. As opções são aumentar impostos, algo impopular e politicamente difícil ou cortar gastos, o que exige coragem e coerência. Ele relembrou o exemplo do governo Temer, que com o teto de gastos conseguiu reduzir os juros de 14,25% para 6,5% em pouco mais de um ano. “Previsibilidade fiscal é essencial para atrair investimentos e controlar a inflação”, disse.

O economista fez um apelo para que o Brasil entre de fato no século XXI. Enquanto o mundo discute inteligência artificial, energia limpa e competitividade, o país ainda debate temas ultrapassados. “O Brasil é um dos países menos competitivos do mundo, apesar de ter trabalhadores dedicados. A baixa produtividade é resultado de problemas estruturais como educação deficiente, infraestrutura precária e políticas fiscais contraditórias”, explicou.

Como exemplo positivo, Medina citou o agronegócio, setor que conseguiu ganhos impressionantes de produtividade graças a crédito direcionado, pesquisa e tecnologia. “O agro brasileiro é sofisticado, eficiente e competitivo, mas o país não consegue replicar esse sucesso na indústria e nos serviços”, lamentou. Ele encerrou com uma mensagem de otimismo cauteloso. “O país crescerá, os juros vão cair e a inflação será mais baixa. Mas tudo dependerá da postura do presidente eleito em relação aos gastos públicos. Se houver responsabilidade fiscal, o Brasil terá um ciclo virtuoso de crescimento. Se não, o risco de repetir crises como as de 2015 e 2016 será real”, concluiu.

Humor, música e uma dose poderosa de esperança

O encerramento do Conexão Financeira foi marcado por uma apresentação que fugiu dos gráficos e planilhas, mas acertou no coração do público. O humorista, músico e palestrante Marcelo Marrom subiu ao palco com a palestra “Não Durma Antes de Sonhar” e entregou uma experiência que misturou comédia, música e reflexões profundas sobre a jornada empreendedora.

“É comédia, sim, mas é só a ferramenta”, explicou Marrom antes de entrar em cena. “A música também. O que eu quero mesmo é chegar no coração das pessoas, desarmar, atrair a atenção e, aí sim, entregar um conteúdo que é denso, informativo e impactante”, afirmou.

Com mais de meio século de vida e uma trajetória marcada por reinvenções, Marrom compartilhou vivências pessoais e aprendizados que dialogam diretamente com os desafios enfrentados por micro e pequenos empreendedores. Para ele, motivação, apesar de ter sido banalizada por modismos, continua sendo essencial. “A gente precisa resgatar o verdadeiro sentido da motivação. Ela é necessária, principalmente para quem empreende num país como o nosso”, analisou.

Ao ser questionado sobre o recado que deixaria para os pequenos negócios, Marrom disse que poderia resumir resiliência, fé e autenticidade. “Resiliência em primeiro lugar. A gente sonha de um jeito, mas a vida acontece de outro. É preciso ter perseverança, fé na vida, fé no divino ou em si mesmo, no caso dos que não acreditam em algo maior. O importante é não desistir.”

Ele também destacou a importância de falar sobre espiritualidade no universo do empreendedorismo, tema que, segundo ele, é muitas vezes negligenciado. “A fé virou sinônimo de coisa brega, de programa de madrugada. Mas ela é combustível. Empreender é solitário, e a fé, seja em Deus, no universo ou em si mesmo é companhia das boas”, frisou.

Com sua mistura de leveza e profundidade, Marcelo Marrom cantou Termpo Perdido, do Legião Urbana e teve coro da plateia. Depois de muitos risos e humor leve, o palestrante show falou aos participantes sobre esperança, coragem e um lembrete poderoso, que é o tema da sua palestra. “Não durma antes de sonhar.”

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