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A ideia de montar um negócio focado em gastronomia na cidade de Goianésia nasceu no ano de 2018 de uma conversa entre José Ribeiro de Freitas Filho, o Zé, e o contador Aldair Araújo. Em um momento de grande dificuldade, Aldair sugeriu que ele transformasse em negócio aquilo que já fazia em festas familiares e comunitárias: assar carnes. Foi o empurrão necessário para um recomeço.
Sem capital, Zé vendeu o carro, ficou apenas com uma moto e passou a criar o próprio mobiliário. Usando pallets recolhidos em lojas, um serrote e um martelo, ele fabricou os banquinhos e mesas que seriam usados no início do negócio. “Chorei muito porque não tinha dinheiro nem para comprar os pregos”, relembra.
O primeiro ponto foi conquistado com esforço extra. Para pagar o aluguel inicial, Zé fez um trabalho de corte de ferragens e, em três dias, garantiu os recursos necessários. Com ajuda de conhecidos, improvisou uma churrasqueira e reformou banquetas doadas. A família estava pronta para arriscar.
A força da família no negócio
Os primeiros meses foram duros. Muitas noites a churrasqueira só era acesa quando o primeiro cliente chegava, já que o carvão precisava ser economizado para o dia seguinte. Havia dias em que o genro de Zé se sentava em uma mesa com uma garrafa apenas para dar a impressão de movimento no local.
A virada veio quando a influenciadora local Nágella Make Up visitou o restaurante e postou um vídeo da carne servida na tábua. O efeito foi imediato. Na semana seguinte, carros começaram a parar em frente e a demanda aumentou. O casal quase não conseguiu atender todos, mas percebeu que o negócio havia despertado o interesse da cidade.
A família sempre esteve à frente do crescimento. Jonas Gabriel de Freitas Medeiros ficou responsável pelas artes e vídeos de divulgação nas redes sociais, enquanto Gesiely de Freitas Medeiros atuava no administrativo ao lado da mãe, Gricélia Maria de Medeiros. A divisão de funções garantiu que a operação continuasse mesmo em tempos difíceis.
Quando a internet mudou tudo
No início, a carne era comprada em pequenas quantidades em supermercados. “Fiquei quase dois anos comprando picanha em um lugar, alcatra em outro, sempre pechinchando”, conta Zé. A virada veio quando um frigorífico ofereceu a oportunidade de comprar no crediário, abrindo espaço para profissionalizar as compras e atender melhor os clientes.
O período da pandemia trouxe outro desafio. Com funcionários contratados e contas acumuladas, o risco de fechar era real. “Se tivesse vindo seis meses antes, o ‘Churrasco du Zé’ teria acabado”, reconhece o proprietário. Mas com disciplina em pagar fornecedores e manter a clientela próxima, o restaurante resistiu.
O sonho da casa própria começou a tomar forma quando um empresário local ofereceu um lote em uma área ainda pouco desenvolvida. Zé e Gricélia acreditaram na ideia, parcelaram o terreno e iniciaram a construção. Em julho de 2022, um ano após o início da obra, inauguraram a nova sede, mais ampla e estruturada.
A expansão trouxe novidades. Ao lado do restaurante principal, nasceu o Espaço Executivo do Zé, com capacidade para até 70 pessoas. O local já recebe aniversários, confraternizações e reuniões empresariais, ampliando o leque de serviços.
O Sebrae como parceiro da transformação
No cardápio, alguns pratos se tornaram símbolos da casa. A picanha no alho servida na tábua é a estrela principal, acompanhada por panelinha de camarão, isca de tilápia e diversas opções que conquistaram o paladar dos goianienses. Clientes chegam não apenas pela comida, mas pelo ambiente acolhedor que se tornou cenário de histórias pessoais.
Já foram realizados casamentos, pedidos de noivado e até encontros que resultaram em famílias. “Um casal que se conheceu aqui colocou o nome do filho de José em homenagem ao restaurante”, recorda Zé, com orgulho. O espaço se tornou mais que um restaurante: é um ponto de encontro de vidas.
A trajetória do “Churrasco du Zé” também está ligada ao Sebrae. Gricélia buscou capacitação em cursos e consultorias como o Programa Transformação Digital 5.0, o Agente Local de Inovação e encontros de negócios em áreas como marketing e gestão financeira. “Cada curso trouxe um aprendizado que aplicamos no dia a dia. Sempre digo que o Sebrae deu moral para nós”, afirma.
Foi em uma consultoria que o casal entendeu a importância de registrar a marca. “Sem registro, qualquer um poderia usar o nome. Fizemos o processo on-line e hoje o ‘Churrasco du Zé’ é oficialmente nosso”, diz Gricélia. A decisão foi estratégica para proteger a identidade do negócio diante do aumento de concorrentes.
O Sebrae também influenciou a forma de divulgar o restaurante. Jonas intensificou as postagens em redes sociais, mostrando o preparo das carnes, o corte na mesa e os momentos de celebração dos clientes. “Percebemos que mostrar o dia a dia trazia mais gente para conhecer a experiência”, comenta Gricélia.
Sete anos e novos planos
A história é marcada por fé e trabalho. “Primeiro é Deus, depois muito esforço. Sorte ajuda, mas sem trabalho nada acontece”, resume Zé. As mesas improvisadas com pallets ainda são lembradas como símbolos da superação. “As pessoas veem o sucesso, mas poucos viram as lágrimas do começo”, completa.
Hoje, o restaurante é uma das referências de Goianésia e os planos são de continuar a expansão. Entre os projetos estão a participação em eventos nacionais de churrasco, para trazer novidades ao cardápio, e a ampliação das opções de eventos no Espaço Executivo do Zé. “Queremos continuar investindo, porque negócio bom é aquele que nunca para de evoluir”, destaca o proprietário.
A comemoração dos sete anos terá programação especial, com música e homenagens a clientes que acompanham a trajetória desde os tempos em que as mesas eram colocadas na calçada. “É nossa forma de agradecer a quem esteve conosco desde o começo”, afirma Gricélia.
O “Churrasco du Zé” é hoje exemplo de que determinação, apoio familiar e capacitação podem transformar uma ideia improvisada em um negócio sólido. Em cada tábua de picanha servida, a história de luta e conquista continua sendo contada.
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