*Por Carla Gomes, Leidiana Batista e Tauana Schetini
A paixão pelo mundo agro fez com que o médico Sebastião Ferro, que dedicou mais de 50 anos da sua vida para a sua profissão, descobrisse uma nova vocação e se especializasse na produção de uva na cidade de Paraúna. De acordo com dados do IBGE, o município é o maior produtor da fruta no estado e tem se destacado na produção de vinhos.
Não tem como falar da história da vinícola Serra das Galés, de propriedade de Sebastião, sem associar com a produção de uva em Paraúna. Com a áurea de investidor e sempre procurando aprimorar suas plantações, dr. Sebastião começa a plantação de uva para fabricação do seu próprio vinho em 2006.
Mas a história desse médico com a agricultura começou antes disso. “Sempre fui rural e exercitei alguma coisa com a terra. Porém, em 2002 conheci em Santa Helena de Goiás o senhor Alberto Muraro. Ele era do Sul e resolveu plantar uva no Centro-Oeste. Sempre gostei desse assunto desde criança e fui a um evento dele e fizemos uma parceria. Conversei com ele e o genro dele, eu plantaria a uva para fornecer para eles”.
A produção começou em 2003. Ele plantava e fornecia para Santa Helena de Goiás que produzia o vinho e levava o produto para o Rio de Janeiro. “E trabalhamos alguns anos assim. O nosso enólogo Valdir veio alguns anos depois da vinícola Aliança em Caxias do Sul. Como o negócio com Alberto não deu certo, ficamos com a uva e, sem saber para onde mandar, resolvemos partir para nossa vinícola. Tentamos uma parceria com a vinícola Aliança, mas não aceitaram. Então decidimos fazer uma sociedade e montamos a Serra das Galés para produzir suco integral e vinho de mesa”, lembra.
Quando questionado pela busca de aprimoramento, dr. Sebastião aponta uma pesquisa que a Embrapa realiza em sua propriedade. Os pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho dr. João Dimas Garcia Maia, especialista em melhoramento genético vegetal; dra. Patrícia Silva Ritschel, especialista em genética e melhoramento de plantas; e dr. Mauro Celso Zanus, especialista em Enologia participam do programa Melhoramento Genético Uvas do Brasil. Eles criaram na Serra das Galés diferentes tipos de materiais como porta-enxertos, uvas para consumo in natura e uvas de processamento (sucos, vinhos e espumantes). A pesquisa ainda está em andamento, mas a ideia é que o local se torne referência para distribuição de mudas voltadas para a região do Cerrado.
E por falar em Cerrado, a parceria do dr. Sebastião com o Sebrae já é datada há quase 20 anos na sua gestão enquanto prefeito de Paraúna, entre 2005 e 2008, quando o município, além de implantar o Empretec, ainda levou o título de cidade empreendedora pelo Sebrae na época. Outra parceria de Sebastião com o Sebrae, mas como empreendedor, é a participação da Serra das Galés com o circuito Pegadas no Cerrado. “É um programa interessante, mas ainda está sendo desenhado para ver a melhor forma de alavancar o turismo da nossa região”, afirma o empreendedor.
Uvas finas
Dr. Sebastião conta ainda que em 2013 teve a oportunidade de estar em Portugal e conhecer algumas uvas para a produção de vinhos finos. “Trouxe três espécies para tentar cultivar. Começamos em 2013 e foi uma surpresa agradável a gente cultivando e aumentando o número de videiras. Em 2016 já tínhamos mil videiras e já produzíamos os primeiros vinhos finos da Serra das Galés”, diz.
Apaixonado por Paraúna e pelos sabores de um bom vinho, o empreendedor não esconde o orgulho quando fala que seus produtos têm o nome das belezas naturais da cidade, como o suco Cálice de Pedra e os vinhos Muralha, Tartaruga e os Reis Magos. “Nossos vinhos têm adquirido fama internacional e, na última avaliação em Bento Gonçalves (RS), em um concurso que tinha a participação de 32 países, ganhamos medalhas de ouro, prata e bronze. Temos oito vinhos com medalhas e reconhecimento”, comemora.
O enólogo da vinícola Valdir Antônio Cristofoli acompanha a produção desde o início da vinícola no princípio dos anos 2000 e afirma o quão apaixonante é a sua profissão. “O enólogo não tem uma receita que deve ser seguida. Todo ano é diferente. A produção depende da maturação, PH, acidez e açúcar da uva naquele ano. Depois que estudamos o fruto é que definimos como o vinho deve ser elaborado. Todo esse processo é apaixonante”, afirma Valdir.
O especialista também lembra que esse processo é muito lento. “É necessário tempo para que as coisas aconteçam. São, no mínimo, cinco anos para produção e envelhecimento. Tudo é mais a longo prazo. Minha profissão não tem resultados imediatos, mas não tem nada que pague a sensação de ter um vinho reconhecido no mercado”, explica.
Para Valdir os enólogos têm se destacado mais nos últimos anos. “A profissão tem melhorado muito na questão de ele [o profissional] aparecer durante todo o processo. É bom para o profissional. Ser enólogo é gratificante”, afirma.
E para quem começou com a fabricação de apenas uma variação de vinho, hoje a Serra das Galés já possui 11 rótulos com a previsão de mais um vinho no mercado a partir de 2025.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106
Na Regional Oeste | São Luís de Montes Belos: Agência Entremeios Comunicação / Carla Gomes – (64) 99900-8603
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