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Tecendo histórias, bordados e artesanato

Artesãs goianas contam, no Espaço Sebrae da CASACOR 2023, suas histórias inspiradoras de tradições, aprendizados, lutas e conquistas
Por Adrianne Vitoreli, de Goiânia
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Em Goiás, o bordado ainda é uma tradição que passa de geração em geração. Seja de avós para filhas e netas ou de artesãs que ensinam e multiplicam a forma de tecer bordados com precisão para outras artesãs. Com agulhas e linhas nas mãos, criam obras de raridade que conservam a cultura do estado. Cada peça conta uma história e renova o legado do artesanato de Goiás para o Brasil e para o mundo.

Foram essas histórias de tradição, aprendizados e lutas que duas artesãs goianas de destaque contaram no talk show com o tema “Tecendo histórias, bordados e artesanato”, na CASACOR Goiás 2023, na noite da última terça-feira (23/05). Milena Curado, da cidade de Goiás, e Aparecida Neires Pires Ferreira, de Morrinhos, conversaram com o público que visitou o Espaço Sebrae, especialmente criado para mostrar o trabalho de mais de cem artesãos de Goiás, com uma curadoria feita em parceria com o Governo do Estado.

Tradição de gerações

Milena Curado: com 15 anos de experiência, artesã vem de um bordado de tradição familiar da cidade de Goiás

Tecer histórias através do bordado é algo forte para Milena Curado, que vem de um bordado de tradição familiar da cidade de Goiás. Ela lembra que na época da avó o bordado era ensinado nas escolas. “Ela sempre bordou, não como profissão, mas bordava para enfeitar a casa, a roupa das crianças, e eu aprendi a bordar com ela aos oito anos de idade”, contou.

Há 15 anos resolveu resgatar esse bordado através de produção de moda artesanal e familiar. Em 2008, ela, a mãe e a avó se juntaram e firmaram uma parceria com a unidade prisional da cidade de Goiás. Milena e a mãe foram para dentro do presídio e ensinaram cinco mulheres que estavam lá a bordar, e elas se tornaram multiplicadoras da arte. Além de aprender uma profissão, elas tiveram remissão de pena pelo trabalho e ainda receberam participação das vendas das peças. Depois de 15 anos, esse projeto social continua.

“Através desse trabalho, quando eu digo que a gente conta história, o que eu represento nas minhas peças é a nossa iconografia. É o meu lugar”, explicou. “Estou na cidade de Goiás, que é patrimônio histórico da humanidade, então nossas referências são as flores do Cerrado, nossos casarios, nossas poesias de Cora Coralina, que é uma forma de caminhar e mostrar isso para o mundo”, completou.

A artesã foi a primeira pessoa a ter a autorização da neta de Cora Coralina, poetiza consagrada, para usar frases de poesias em seus bordados feitos à mão. De acordo com Milena, um grupo chamado Mulheres Coralinas tem esse direito de uso e, recentemente, Karina Cardoso também. “É legal que vamos nos fortalecendo juntas e levando a poesia de Cora para o mundo”, comemorou.

Formada em gestão pública, há cinco anos Milena fez uma pós-graduação em moda e economia criativa, mas como ela já estava fazendo moda havia muito tempo, pôde confirmar que estava no caminho certo. A artesã faz parte do Programa de Artesanato e Economia Criativa do Sebrae Goiás. “Na verdade, faço parte do Sebrae desde quando me encontrei empreendedora. O Sebrae me acompanha desde 2007. Com muito orgulho brinco com o pessoal que eu sou um investimento do Sebrae que deu certo”, ressaltou.

Milena Curado foi a primeira mulher de Goiás a ganhar o Prêmio Mulher de Negócios Nacional. “Eu trouxe o troféu nacional para o estado. Quando recebi esse prêmio do Sebrae foi a grande chancela porque a instituição me ensina e me valida. Isso não tem preço”, celebrou. Ela também disse que considera o artesanato goiano riquíssimo, múltiplo, com diversas matérias-primas e técnicas.

Para ela, estar na CASACOR é uma necessidade. “A gente precisa ter acesso a mercado e aqui atingimos um público diferenciado. Esse espaço eleva o potencial do nosso trabalho”, frisou. Segundo Milena, um artista dá visibilidade para o outro, e todos se fortalecem e se projetam para o país. “Mas o Sebrae Goiás é fundamental. O Sebrae abre portas”, disse.

Ela lembrou que já participou de muitas viagens e missões. “Tudo do Sebrae é muito bom, organizado, muito bem-feito. A gente aprende com tudo isso, e posso dizer que a instituição não é a nossa vitrine, ela faz a nossa vitrine.”

Bordado e cooperativa

Artesã Aparecida Neires Pires Ferreira, de Morrinhos

Em cada ponto, uma delicadeza no bordado. A artesã de Morrinhos, Aparecida Neires Pires Ferreira domina várias técnicas, mas a especialidade é o bordado. Ela borda praticamente tudo, mas atualmente prefere trabalhar com colares, brincos, acessórios e quadros, tudo na madeira.

“Venho de uma família de bordadeiras e desde criança aprendi a bordar. Sou da época que toda mulher tinha que aprender a fazer alguma coisa. Aprendi, fui aprimorando, trabalhei em outros ramos, até que chegou um ponto que eu quis viver do artesanato e ajudar algumas pessoas”, disse.

Com o pensamento de ajudar pessoas, a artesã entrou em uma associação feminina, fez vários cursos e montou a Cooperativa de Artesãs de Morrinhos, a CooperArte. Ela conta que atualmente sobrevive do artesanato, mas também ajuda outras pessoas a ter renda através dele. Oficialmente são 15 cooperados, além de parceiros, que ajudam, participam e compõem a rede de apoio da entidade.

“O Sebrae está na minha vida desde 2011. É um longo caminho ao lado da instituição”, lembrou Aparecida. Ela começou como instrutora de costura, prestando serviço para o Sebrae, em Pontalina, cidade da moda, onde dava curso de lingerie. Quando voltou para Morrinhos, o Sebrae estava desenvolvendo o projeto Trilhas do Desenvolvimento, e a artesã passou a fazer parte do programa.

Como Milena, Aparecida participou de várias missões com o apoio do Sebrae Goiás, mas ela revela que a melhor de todas foi a missão ao Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro. “Foi mais que uma descoberta pessoal. Aquela cidade maravilhosa, aquele CRAB, a conexão com artesãos de estados diferentes. Aquele momento foi a concretização e a realização de que eu estava no caminho certo”, falou, emocionada.

Segundo a artesã, de lá para cá as coisas só caminharam positivamente tanto para ela quanto para a cooperativa. Várias oportunidades surgiram, entre elas um espaço em parceria com o governo para sede da entidade. Ela ressalta que a pandemia do coronavírus levou a vida de muitas pessoas, mas também recuperou a vontade de viver de muitas outras que encontraram no artesanato um motivo.

“Graças ao Sebrae tivemos ajuda por meio do conhecimento, como, por exemplo, conseguir verbas para aperfeiçoar e investir no nosso trabalho. Aprendemos e atualmente participamos de editais de fomento à cultura. Recentemente participamos e passamos em dois editais”, afirmou.

Com orgulho, a artesã avalia que estar ao lado do Sebrae rende muitos frutos, tanto que na CASACOR ela está como painelista, já que o retorno da missão no CRAB foi tão grande que as poucas peças que produziu já foram vendidas. “O artesão muitas vezes ainda não sabe o valor que ele tem. Ano passado vendemos bem, este ano estou aqui em outra posição, de contar minha história para que sirva de inspiração para outras pessoas. Vale a pena tecer histórias, bordado, artesanato? Com certeza.”

Poder criativo

Psicóloga Cibele Moreira Freire Bernardes foi uma das centenas de pessoas que já visitaram o Espaço Sebrae, na CASACOR 2023

A psicóloga Cibele Moreira Freire Bernardes foi uma das centenas de pessoas que já passaram pelo Espaço Sebrae, na CASACOR 2023. Ao observar as vitrines ela avaliou o artesanato goiano como plural, riquíssimo, com uma criatividade ímpar. “São peças maravilhosas, inovadoras e estou encantada com toda diversidade artística nesse ambiente. O poder criativo em Goiás é fantástico, estou encantada. Tenho certeza de que fortes parcerias entre arquitetos, designers de interiores e artesãos vão agregar mais valor cultural aos ambientes e obras em que trabalham. E os consumidores diretos poderão adquirir peças belíssimas”, afirmou Cibele.

O diretor de Administração e Finanças, João Carlos Gouveia, a gestora do Projeto de Artesanato, Daniela Caixeta, e o analista Paulo Renato Adorno também marcaram presença na noite

Informações para a imprensa

Na sede do Sebrae: Adriana Lima – (62) 3250-2263 / 99456-2491

Na Regional Central | Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Adrianne Vitoreli – (62) 98144-2178

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