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Empreendedorismo feminino em Goiás é promissor, mas tem desafios a serem superados

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Penad) Contínua do 4º trimestre de 2023 mostra protagonismo das mulheres nos negócios e uma forte informalidade e desigualdade de gênero.
Por Adrianne Vitoreli e Izabela Carvalho
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Empreendedoras recebem o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, em setembro de 2024 (Fotos Edmar Wellington, Silvio Simões e Kleison Meireles)

Goiás se destaca no cenário nacional quando o assunto é empreendedorismo feminino. Com uma taxa de empreendedoras de 33,7%, equivalente à média brasileira, que é 33,9%, o estado demonstra um forte protagonismo das mulheres nos negócios. Mas, ao analisar todos os dados, o quadro que se revela é complexo, com avanços significativos acompanhados por desafios persistentes. Ao lado do crescimento no número de empreendedoras estão a informalidade (57,3%) e a desigualdade de gênero no rendimento médio, que no caso do homem é 58,4% maior do que o da mulher.

Nos últimos anos, o número de mulheres empreendedoras em Goiás tem crescido de forma consistente, com uma trajetória ascendente desde 2019. Para se ter uma ideia, o estado passou de 146.815 para 348.920 mulheres à frente de empreendimentos. Esse cenário positivo é impulsionado, em grande parte, pela faixa etária entre 34 e 54 anos, que concentra o maior contingente de mulheres na liderança dos próprios negócios (45,4%), seguidas pelo grupo etário de até 34 anos, com 35,2%.

O perfil das empreendedoras goianas revela uma predominância de mulheres com Ensino Médio completo (39,2%) e daquelas com Ensino Superior completo (31,8%), o que indica um nível educacional relevante para o desenvolvimento dos empreendimentos. Além disso, percebe-se a autodeclaração como negra por parte da maioria das empreendedoras (54,4%), contra 44,6% de mulheres brancas, o que evidencia a diversidade e a representatividade desse grupo no cenário econômico goiano.

Elas lideram um terço das empresas, mas os rendimentos e a formalidade colocam desafios

Apesar dos avanços, a informalidade ainda é um desafio significativo para as empreendedoras goianas. A maior parte dos negócios liderados por mulheres opera no setor informal (57,3%) o que limita o acesso a crédito, benefícios previdenciários e outras oportunidades de crescimento. Dos 42,7% que possuem CNPJ, 84,4% empreendem por conta própria, ou seja, são classificadas na categoria de Microempreendedor Individual (MEI). Em Goiás, isso significa, de acordo com os dados, 43,7% dos MEI do estado são de mulheres e os homens representam 56,3% nesse regime tributário.

Outro ponto preocupante é a persistente desigualdade de gênero na renda. Os dados revelam que os homens empreendedores em Goiás possuem um rendimento médio 58,4% superior ao das mulheres. Elas possuem rendimento médio de R$2.935, enquanto o dos homens é de R$ 4.648. “Essa disparidade salarial reflete a persistência de estereótipos de gênero e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para promover a equidade (dar às mulheres o que elas precisam para que todas tenham acesso às mesmas oportunidades) entre homens e mulheres no mundo do trabalho”, avalia Elaine Moura, coordenadora da unidade de Políticas Públicas do Sebrae Goiás.

De acordo com Elaine, é necessário que esses dados sejam olhados com seriedade e que sejam a base para a elaboração de políticas públicas efetivas. Entre elas estão as ações afirmativas, que desempenham importante papel no combate à desigualdade social e permitem que pessoas de origens distintas alcancem espaços de influência em qualquer âmbito.

“O setor público e a sociedade civil juntos podem transformar essa realidade como a formação empreendedora juntamente com acesso ao crédito, por exemplo”, analisa a coordenadora de Políticas Públicas do Sebrae Goiás. Em relação aos rendimentos, Elaine acredita que empresas públicas ou privadas possam, além de executar programas de inclusão de mulheres em posições de liderança, também estabelecer cotas que devem ser encaradas como necessária e transitória, até que essa desigualdade diminua.

Setores de destaque

O setor de serviços se destaca como o principal campo de atuação das empreendedoras goianas, no qual 53,5% delas têm os negócios nessa área. Outro setor significativo é o de Comércio, com 25,8%. “Essa concentração pode ser explicada pela menor necessidade de capital inicial e pela maior flexibilidade de horários, características que se adaptam às demandas das mulheres que conciliam trabalho e família”, explica Vera Lúcia de Oliveira, gestora da iniciativa Sebrae Delas (Desenvolvendo Empreendedoras & Líderes Apaixonadas pelo Sucesso).

Vera ressalta que a concentração em um único setor pode limitar as oportunidades de crescimento e diversificação da economia local. O Sebrae, por sua vez, conforme a gestora, busca estimular a entrada das mulheres em outros setores, como indústria e tecnologia. Isso porque esses nichos oferecem maior potencial de geração de renda e valor agregado, como o Prêmio Mulher de Negócios e com as ações do Sebrae Delas.

Vera Lúcia de Oliveira, gestora do Sebrae Delas

Alternativas para mudança

O cenário do empreendedorismo feminino em Goiás é promissor, mas exige ações estratégicas para superar os desafios e potencializar os avanços. “É fundamental investir na promoção da formalização dos negócios liderados por mulheres, o acesso ao crédito, a capacitação profissional e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho”, enfatiza Elaine Moura.

Vera acrescenta que é preciso fomentar a criação de redes de apoio e mentoria para as empreendedoras, para que sejam proporcionados ambientes mais colaborativos e fortalecimento do empreendedorismo feminino em todo o estado. “Ao reconhecermos os avanços e os desafios, é possível construir um futuro em que as mulheres possam realizar todo o seu potencial empreendedor e contribuir para o desenvolvimento econômico e social de Goiás.”

Caso inspirador

Um exemplo de potenciais empreendedoras são as irmãs Larissa Costa Rocha, Lígia Rocha e Ismênia Rocha, proprietárias da empresa ArtRenda, que possui quase 40 anos de história no mercado goiano de roupas íntimas. A marca possui cinco lojas em Goiânia, dentre elas uma no maior e mais tradicional shopping da cidade, e outra em Anápolis. As empresárias fazem parte do grupo de mulheres que empregam (15,6%) e possuem Ensino Superior completo (31,8%).

As sócias buscaram suporte estratégico do Sebrae Goiás para o fortalecimento da marca, principalmente na gestão, expansão e consolidação cada vez maior da presença no mercado. “O objetivo tem sido avançar para um novo patamar em que qualidade de produtos e preços competitivos estejam alinhados para atender aos clientes e melhorar o posicionamento da empresa”, explica Larissa.

Ao identificarem essa necessidade, as empresárias buscaram a parceria que é oferecida pelo Sebrae em várias áreas como gestão financeira, comercial e marketing, por meio de consultorias gerenciais. “O apoio do Sebrae foi fundamental e contribuiu para a reestruturação da empresa. Nesse período, foi possível fazer um diagnóstico de falhas e soluções para que a empresa continue não apenas a expandir a participação no mercado, mas manter o que faz parte do DNA, que é a qualidade dos produtos, desde a matéria prima ao acabamento, com preços competitivos”, destacou Larissa.

A estruturação do mix de vendas, o cálculo da rentabilidade e o controle de estoque são exemplos do trabalho que foi realizado pela consultoria para melhorar os processos da ArtRenda. “Isso refletiu diretamente nos resultados gerais da gestão”, exemplificou Larissa, que é diretora da fábrica, de Desenvolvimento de Produto, Marketing e Relacionamento Internacional. Já Lígia Rocha é diretora Comercial e Ismênia Rocha é diretora de Processos. Juntas, comandam a empresa fundada pelos pais em 1988.

Larissa considera que o segredo do fortalecimento da ArtRenda está na união de esforços: “Cada uma é responsável por um departamento, mas as grandes decisões fazemos em conjunto, com foco no planejamento e no futuro”, explicou. A empresa trabalha em uma linha diversificada, com produtos nas categorias de lingerie, maternidade e peças íntimas masculinas.

Vejam alguns dados da Pnad contínua 4º trimestre de 2023:

Empreendedoras

– Brasil – 10,1 milhões de empreendedoras – 33,9%

– Goiás – 369,6 mil empreendedoras – 33,7%

Características da Mulher Dona de Negócio em Goiás

– 84,4% empreendem por conta própria

– 15,6 % são empregadoras

Raça/Cor

54,4% Se consideram negras

44,6% se consideram brancas

1% Outra

Faixa Etária

-35,2% até 34 anos

– 45,4% de 35 a 54 anos

– 19,4% 55 anos a mais

Escolaridade

– Ensino Médio completo 39,2%

– Ensino Superior completo 31,8%

– Ensino Fundamental completo 19,8%

Posição no Domicílio

– 49,9% são chefes de domicílio

Principais atividades

1. Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios

2.Cabeleireiros, manicure e pedicure

3.Promoção de vendas

4. Atividades de Estética e outros serviços de cuidados com a beleza

5. Preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente

6. Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares

7. Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios minimercados, mercearias e armazéns

8. Serviços domésticos

9.Restaurantes e similares

10. Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas e as confeccionadas sob medida

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106

Na Regional Central | Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Adrianne Vitoreli – (62) 98144-2178

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