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Com o apoio do Sebrae, empreendedoras quilombolas transformam comunidades com inspiração e resiliência

Dominga e Marta, duas mulheres negras e quilombolas, estão à frente de iniciativas que fortalecem o turismo e empoderam mulheres na comunidade Kalunga, em Cavalcante.
Por Renato Feitosa, de Cavalcante
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Marta Kalunga é uma das líderes comunitárias do quilombo, e contou com o apoio do Sebrae para se aperfeiçoar no empreendedorismo (Fotos Renato Feitosa)

Dominga Natália Moreira dos Santos Rosa e Marta Kalunga, da comunidade Kalunga do Engenho II, impulsionam o turismo e empoderam mulheres por meio do empreendedorismo. Elas vivem no quilombo localizado na cidade de Cavalcante, no Nordeste Goiano. Com o apoio do Sebrae, ambas conquistaram reconhecimento e ferramentas para potencializar o empreendedorismo e a valorização da cultura local, com inspiração para novas gerações e reafirmando a importância do protagonismo feminino na construção de uma economia mais inclusiva e solidária. Essa inspiração tem importância ainda maior neste Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), data que também sucede o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado na terça-feira (19).

Nesta data, o Sebrae Goiás conta a história destas duas mulheres negras. Marta e Dominga se destacam como empreendedoras e líderes comunitárias que, a partir de suas experiências, planta sementes de mudança e esperança nas comunidades quilombolas do Nordeste Goiano.

Dominga Natália apostou na pousada Raio de Luz e também é professora na comunidade

Empreendedora e professora

Dominga é uma mulher negra que tem uma trajetória de luta e perseverança, inspirada pelo legado de seus pais, especialmente de seu pai, um dos primeiros a buscar os direitos para a comunidade. Desde cedo, Dominga viveu em um ambiente de resistência e determinação, no qual sua mãe também teve um papel crucial, com quem ela aprendeu a ler enquanto trabalhavam na roça. Com 15 irmãos, ela cresceu em um ambiente de união e ensinamentos familiares.

A quilombola sempre teve o sonho de se tornar condutora de visitantes, especialmente após ver seus irmãos guiando turistas nos atrativos locais. Quando teve a oportunidade, aos 18 anos, se formou no curso de condutora pelo Sebrae, e se tornou uma das primeiras mulheres da comunidade a realizar esse papel. Desde então, ela construiu uma parceria sólida com o Sebrae, o que lhe abriu portas para cursos e capacitações. Além de condutora, ela se destacou como empreendedora e fundou a pousada Raio de Luz, que hoje é uma referência no turismo da comunidade.

Junto com outras pousadas, Dominga garante que todos os visitantes sejam bem atendidos, o que fortalece o turismo de base comunitária e gera renda para a região.

A líder comunitária Dominga Natália ao lado do pai, o agricultor Sirillo dos Santos Rosa

A trajetória da quilombola como educadora também é uma parte marcante de sua história. Depois de lutar pela continuidade de seus estudos e completar o Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos (EJA), ela se tornou professora, uma posição que trouxe desafios e a constante responsabilidade de honrar sua comunidade e superar preconceitos. Seu compromisso com a educação e o fortalecimento da identidade quilombola a levou à universidade, o que possibilitou que ela se graduasse em Artes Visuais e Música. “Enfrentei muitos desafios de acesso e adaptação, mas superei cada obstáculo com resiliência”, conta.

Dominga se vê como uma mulher de múltiplas funções: mãe, empreendedora, líder e professora. A pousada Raio de Luz e seu trabalho com a Associação Kalunga Comunitária do Engenho II (AKCE) são formas de promover o protagonismo feminino e o fortalecimento do turismo na comunidade. “Acho que é essencial valorizar as raízes e o saber tradicional, especialmente o método de plantio, a ‘roça de toco’, que é uma prática ancestral de cultivo adaptada ao cerrado” diz. Dessa forma, a empreendedora é um exemplo de como a tradição e a modernidade podem coexistir para construir uma vida digna, fortalecer a comunidade e perpetuar o legado de seus ancestrais.

Marta Kalunga faz de seu trabalho na Casa Memória da Mulher Kalunga uma possibilidade de mulheres apresentarem seus trabalhos

Valorização e apoio às mulheres

Outra mulher negra da comunidade é Marta Kalunga, proprietária da Casa Memória da Mulher Kalunga. A trajetória de Marta é marcada pela determinação e pelo desejo profundo de empoderar outras mulheres de sua comunidade. Nascida em Vão de Almas, uma comunidade quilombola do município, desde cedo ela observava o machismo impregnado na cultura local: mulheres, muitas vezes, com responsabilidade de cuidar do lar e da criação dos filhos enquanto os homens se dedicavam a outros trabalhos. Nessa realidade, a empreendedora questionou o papel das mulheres e passou a sonhar com um futuro em que elas pudessem também ser valorizadas e independentes.

Casa Memória da Mulher Kalunga, criada por Marta

Em 2007, Marta começou sua jornada empreendedora com o apoio do Sebrae, ao participar do programa Empretec, no qual aprendeu habilidades de gestão e comercialização. Com o curso, ela se fortaleceu como vendedora e passou a acreditar em seu potencial, mesmo ao lado de pessoas que haviam tido oportunidades muito diferentes das suas. Marta entendeu que seu conhecimento e sua força vinham de sua experiência de vida, e foi a partir dessa percepção que ela começou a trabalhar para oferecer oportunidades a outras mulheres de sua comunidade.

“O Empretec me trouxe isso, me fez entender que eu podia mais, que eu tinha um lugar. Ele me proporcionou algo que se encaixava com o meu conhecimento e, ao mesmo tempo, me ajudou a entender o que eu não sabia. Nesse encontro, eu realmente me encontrei. A partir daí, comecei a entender o que é produção e todo o processo”, comenta.

Um dos maiores marcos de sua trajetória é a criação da Casa Memória da Mulher Kalunga, um espaço onde diversas mulheres da comunidade têm a chance de expor e comercializar seus produtos, como óleo de coco, açafrão e sabão de tingui. Marta se empenha em valorizar e compartilhar o trabalho de cada uma delas, o que cria um ciclo de apoio e de oportunidades. Ela também produziu documentários que contam a história dessas mulheres e registram suas práticas tradicionais, para fortalecimento da identidade cultural da comunidade e promoção do empreendedorismo feminino.

Marta busca oferecer às mulheres de sua comunidade uma vida melhor, mais digna e valorizada. Sua história é um exemplo de luta e de transformação, com inspiração a mulheres e homens a reconhecerem a importância da igualdade de oportunidades e o valor do conhecimento ancestral.

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106

Na Regional Entorno do DF/Nordeste | Posse: Agência Entremeios Comunicação / Renato Feitosa – (61) 99947-1248

Acesse aqui a Vitrine do Sebrae Goiás.

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