Espaços que até bem pouco tempo eram ocupados exclusivamente por homens agora dão lugar à participação feminina, com excelentes resultados. Exemplo dessa realidade está bem perto de Goiânia, a 50 quilômetros da Capital, na Cooperativa Agropecuária Mista de Bela Vista de Goiás (Cooperbelgo).
Quem detalha a jornada construída com base em uma relação de trabalho é a zootecnista Caroline da Paixão Amaral Guimarães, com mestrado em veterinária na área de tecnologia de alimentos. Ela é a atual diretora administrativa da entidade, que completará 54 anos em 9 de maio e figura entre as mais antigas do ramo agropecuário do Estado de Goiás. A profissional lembra de sua trajetória no início da profissão, como ocorreram os desafios por ser mulher na área e como ela contou com o apoio do Sebrae em sua trajetória dentro da cooperativa.
Crescimento do espaço da mulher
Caroline relembra o percurso iniciado há 25 anos na Cooperbelgo, como técnica zootecnista, focada em qualidade. Logo foi para a coordenação da equipe técnica, quando assumiu a gerência. “Na época eu era a única mulher técnica”, afirma. Ela gerenciou a área de laticínio e, em seguida, a loja agropecuária e a fábrica de ração. “Aí começou um trabalho que é a direção, coordenando as gerências de todos esses setores, além do posto de combustível, supermercado e administração”, assinala.

A diretora da Cooperbelgo avalia que o espaço ocupado pela mulher hoje não é o mesmo de antigamente. “Existe muita conquista, existe uma caminhada muito linda já feita, já vivida. Ainda existe resistência, mas não é a maioria mais. Isso já mudou. A gente construiu uma relação de muito respeito”, afirma.
Caroline relembra que, à época da escolha da profissão, havia uma proporção maior de homens no trabalho, tanto na zootecnia quanto no mestrado. “Hoje, na veterinária, a maior parte é composta por mulheres”.
Na visão da diretora, a diferença reduziu em função da conquista de resultados positivos e pelo trabalho e dedicação. Ela relembra que, no início de sua trajetória, ao apresentar um projeto de assistência técnica para melhorar a qualidade do leite, percebeu a resistência de um produtor, que afirmou: “Você sempre vai ser bem-vinda na propriedade, mas quem entra no curral são os homens. Você pode ir para a casa da minha esposa”.
Contudo, mais tarde esse produtor aderiu ao projeto. “Colocou o tanque e continua até hoje com a gente. Foi com paciência e persistência que consegui. Mas, eu não sinto que os técnicos hoje, as técnicas mulheres, têm essa resistência que a gente viveu há 25 anos. Acredito sim que evoluiu”, complementa.
Caroline avalia a evolução desde quando passou a integrar a cooperativa. “Evoluiu no respeito sobre qual é o espaço do homem, qual é o espaço da mulher, e que nós precisamos é somar. A minha trajetória foi linda. Eu não me lembro de uma fase ruim em todo esse processo”, diz.
Evolução contínua
A diretora observa que a evolução na entidade tem sido constante. “É simples mas, mas continua. A gente vê a cooperativa a cada ano com algo novo e crescendo”, destaca. Na Cooperbelga, segundo a diretora, o foco é dado tanto ao cooperado quanto ao colaborador, seja homem ou mulher, para que esteja presente na cooperativa e participe de todas as atividades e decisões. “Por exemplo, todo o planejamento estratégico é criado, elaborado pelos cooperados que topam. Claro que nós temos um número muito grande de cooperados e não são todos que se dedicam, mas a participação só tem crescido”, afirma.
Com vários meios de comunicação disponíveis, para a contribuição de todos, os resultados têm sido positivos. “Eles somam muito e isso é encantador. Por isso, ela persiste com o trabalho da filosofia da cooperativa, ela é muito cuidada. Da mesma forma com o colaborador, é uma relação muito humana, de muito respeito, de muita construção”, salienta.
Já com foco na mulher, seja cooperada ou colaboradora, a relação também é conduzida de maneira especial. A Cooperbelgo tem atuado de forma que sempre haja mulheres participantes nos conselhos, seja administrativo ou fiscal. “O último conselho de administração eleito conta com duas mulheres. Já o conselho fiscal, que será eleito agora, conta com quatro mulheres, num total de seis participantes”, detalha.
Caroline explicou que, apesar do número de homens cooperados integrantes do quadro social ser maior, as mulheres são sempre convidadas e motivadas a participar. “Nós temos um grupo de mulheres muito ativo hoje, que participa de todos os projetos de iniciativa geral e daqueles especiais para nós. É uma relação muito bonita com os trabalhos das mulheres”, informa.
Contudo, a diretora lembra que todo o trabalho desenvolvido pela cooperativa tem o foco na família dos integrantes. “O convite é para esposas e filhas. E isso cresce muito, enriquece os resultados, porque se somam os dons dos homens e das mulheres. As visões masculinas e femininas se complementam”, destaca.
Já em relação aos colaboradores, em todos os sete setores da cooperativa, a presença feminina tem espaço, sendo que em dois deles, ultrapassa 80%. Contudo, no restante, a proporção maior é de homens. No quadro de gestão, três mulheres são gerentes e quatro homens são diretores.

Valorização e reconhecimento
A analista da Regional Metropolitana do Sebrae Goiás, em Aparecida de Goiânia, Cinely Carlotto, detalhou que a Cooperbelgo é nossa parceira há muitos anos em ações de capacitação, consultoria para produtores rurais cooperados. “São consultorias tecnológicas de melhoria da qualidade do leite, de desenvolvimento de produtos lácteos, de design de ambientes e visual de loja”, explica.
Segundo Cinely, atualmente o Sebrae apoia a Feira de Negócios da Cooperativa que tem se destacado ao longo dos anos no calendário anual de eventos do agronegócio. “Na última edição, em outubro de 2024, contamos com 35 expositores de micro e pequenas empresas, incluindo o grupo de Mulheres da Cooperbelgo e da Cooperativa Florya”, diz a analista. “O Sebrae tem acompanhado a cooperativa e reconhece o valor de uma mulher à frente de sua gestão. Caroline inspira e continuará inspirando outras mulheres do agronegócio”, completa.
Na jornada, Caroline acredita na filosofia da cooperativa e que a oportunidade de estar nesse meio a treinou para as conquistas obtidas, além da parceria com o Sebrae. “Foi fundamental para o meu processo de crescimento profissional, participou comigo dos grandes projetos que eu consegui elaborar e formalizar dentro do laticínio, com a equipe técnica”, enuncia.
Por meio de consultoria com o Sebrae, em 2020, quando a cooperativa se lançou no mercado, que fez um estudo de viabilidade econômica, contratou um consultor que desenhou o projeto do laticínio, além dos produtos desenvolvidos, marca e identidade visual. E ainda a preparação da parte documental, que fez com que os produtos da Cooperbelgo fossem sifados – ou serja, contam com fiscalização realizada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), do departamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), responsável por inspecionar produtos de origem animal. “Tudo isso foi com o Sebrae, de mãos dadas”, ressalta.
“Nós temos muito orgulho dos produtos que foram desenhados e produzidos. As receitas resgatam aquelas da culinária rural, com iogurte extremamente especial, com consistência bem densa e a manteiga feita de creme de leite e sal”, detalha.
Satisfeita com os resultados obtidos, Caroline já anuncia que novidades estão no radar da cooperativa, por meio de novos produtos e com a cooperação do Sebrae.
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Na sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106
Na Regional Metropolitana | Aparecida de Goiânia: Agência Entremeios Comunicação / Izabela Carvalho – (62) 99830-2789
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